Estudo proferido na EBD da Igreja Presbiteriana do Ibura, em Recife/PE.
ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
Capítulo XVII. Da Perseverança dos Santos
Seção I. Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, não podem cair do estado de graça, nem total nem finalmente, mas com toda a certeza hão de perseverar nesse estado até ao fim, e estarão eternamente salvos.
As Escrituras, e a CFW se baseia nelas, indicam que esta perseverança não se deve à excelência ou poder do crente, mas sim ao propósito e poder de Deus e à graça que Ele concede.
Reconhece-se a fraqueza do homem, que, se deixado por si só, certamente cairia, um perigo contra o qual o crente é constantemente advertido. Mesmo os mais instruídos e santificados estão sujeitos a esse perigo, evidenciado pelos pecados cometidos, que podem, por vezes, ser graves, chegando até mesmo à negação real da fé e ao afastamento de Deus. Entretanto, do perigo inerente a si mesmo, o crente é resgatado pelo poder e pela graça de Deus, que, por Sua vigilante preservação, guarda Seus filhos indignos, impedindo que se afastem totalmente dEle e os conduzindo finalmente à salvação que Ele planejou. Ao fazer isso, Deus não age independentemente da cooperação do crente, mas os conduz à salvação através de sua própria perseverança na fé e santidade.
Diversas passagens bíblicas são apresentadas para apoiar esta doutrina. Por exemplo, João 10.27-29 declara: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar". Este texto é usado para mostrar a segurança das ovelhas nas mãos de Cristo e do Pai.
Outro texto fundamental é Filipenses 1.6: "Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus". Este verso apoia a ideia de que a obra de Deus na vida do crente é contínua e será concluída.
A certeza da salvação do crente é atribuída ao propósito de Deus. As Escrituras afirmam que aqueles que creem foram "ordenados à vida eterna" (Atos 13.48), e aqueles que são finalmente glorificados foram preordenados para serem conformados à imagem de Cristo e, portanto, chamados (Romanos 8.29).
O próprio Jesus declarou que é a vontade do Pai que Ele "não perca nada de tudo o que ele me deu, mas o ressuscite no último dia" (João 6.39). E ainda temos 1 Pedro 1:5,9: "Vocês são guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para ser revelada no último tempo. (...) Pois vocês estão alcançando o alvo da fé, a salvação da alma". Esta salvação final é, portanto, vista como uma inferência necessária dessas doutrinas.
Além do poder de Deus, a perseverança também é atribuída à graça de Deus. Romanos 4.16 afirma que a salvação deve ser pela fé, "a fim de que a promessa seja certa para toda a descendência". Aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus (Romanos 8.14), e a salvação não depende do querer ou do correr do homem, "mas de Deus" (Romanos 9.16).
Deus implanta no seu eleito uma semente que se torna garantia de que ele é um nascido de Deus e que por isso ele irá perseverar nos caminhos dEle, como diz 1 João 3:9: "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado, pois o que permanece nele é a semente divina; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus".
A operação do Espírito Santo nos crentes, descrita como "selagem" (Efésios 1.13; 4.30), também é apresentada como prova da "certeza da salvação e da perseverança". Este selo é considerado "indestrutível" e para "o dia da redenção", ou seja, até o fim. A selagem para a obtenção infalível da salvação implica a selagem para a contínua constância da fé. O Espírito habita perpetuamente nos crentes, consolando- os e sustentando-os continuamente até o fim.
Cristo também intercede constantemente pelos crentes (Hebreus 7.25), e Suas orações são eficazes, pois o Pai sempre as ouve (João 11.42). O Espírito Santo também intercede por nós (Romanos 8.26). Temos aqui a Trindade agindo em conjunto para conformar a obra de salvação para todos os eleitos.
A doutrina da perseverança final está repleta de consolação para o crente prestes a desfalecer em seu conflito espiritual. Ao encontrar evidências do amor de Deus em seu coração, o crente é autorizado a considerar essa graça como um penhor de sua herança futura. No entanto, as Escrituras Sagradas, a Palavra de Deus, também mencionam advertências contra a apostasia encontradas nas Escrituras (Mateus 24.3-14, Colossenses 1.21-23a, 1 Coríntios 10.12, Hebreus 2.1).
Essas advertências não são vistas como prova de que um crente verdadeiramente regenerado possa perder a salvação, mas sim como meios que Deus usa para motivar os crentes a permanecerem comprometidos com Ele. Observe 2 Pedro 1:10: "Por isso, irmãos, empenhem-se cada vez mais para consolidar o chamado e a eleição de vocês; porque, fazendo isso, vocês jamais tropeçarão".
A necessidade de perseverar na fé deve ser usada como advertência contra abandonar a fé, indicando que quem a abandona dá evidência de que sua fé nunca foi real. Textos das Escrituras que parecem apresentar casos de apostasia real podem ser argumentados como não provando que essas pessoas realmente receberam a graça da regeneração ou que a perderam de forma permanente. Quanto a esses textos iremos analisar em uma EBD logo após a conclusão deste capítulo. Podem me cobrar!
Em resumo, esta doutrina, conforme apresentada na Confissão e baseada na Palavra de Deus, sustenta que a perseverança dos santos é uma obra segura de Deus em favor daqueles que Ele eficazmente chamou e santificou, garantindo que eles não cairão final ou totalmente do estado de graça, mas serão preservados pelo poder, propósito e graça divina até a salvação final. Esta doutrina oferece grande consolação e as advertências nas Escrituras servem como um meio para encorajar e manter o crente no caminho da fé e santidade.
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