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09 fevereiro 2025

A Doutrina da Adoção

Estudo proferido na EBD da Igreja Presbiteriana do Ibura. 

ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER 
Capítulo XII. Da Adoção 

Na seção I do capítulo 12, temos o seguinte: 

Seção I. A todos os que são justificados, Deus se digna fazer participantes da graça da adoção em e por seu único Filho, Jesus Cristo. Por essa graça, eles são recebidos no número e gozam a liberdade e privilégios dos filhos de Deus, têm sobre si o nome dele, recebem o Espírito de adoção, têm acesso, com ousadia, ao trono da graça e são habilitados a clamar: “Abba, Pai”; são tratados com piedade, protegidos, providos e corrigidos por ele, como por um pai; nunca, porém, abandonados, mas selados para o dia da redenção e recebem as promessas como herdeiros da eterna salvação. 

A adoção é um ato da livre graça de Deus, pelo qual os que são justificados são recebidos na família de Deus, desfrutando dos privilégios e da herança como filhos. Este ato é realizado por meio de Jesus Cristo.

1. Natureza da Adoção

Adoção como um Ato de Graça (Efésios 1:5). A adoção não é um direito, mas um ato gracioso de Deus (Romanos 9:16). Ela é concedida aos que são justificados, ou seja, aqueles que foram declarados justos por meio da fé em Cristo (Gálatas 4:4-5). A adoção é uma consequência da justiça de Cristo, que concede não apenas o perdão dos pecados, mas também o direito à vida eterna. A adoção é um ato de vontade graciosa de Deus. Romanos 8:15 afirma: "Porque vós não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, vos tornardes ao temor, mas recebestes o Espírito de filiação, pelo qual clamamos: Aba, Pai!". Observe o apóstolo Paulo mostrando que, através da obra redentora e justa de Cristo, os crentes passam a ter o privilégio de se relacionar com Deus como filhos, desfrutando não só do perdão dos pecados, mas também da promessa da vida eterna.

Adoção em e “por meio de Cristo”. Efésios 1:5 mostra que a adoção é possível através de Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus. A filiação dos crentes é análoga à filiação de Cristo, embora a dele seja por natureza, e a dos crentes, por adoção. Cristo, ao se sujeitar à lei, redimiu os crentes da escravidão para que pudessem receber a adoção. A passagem de Gálatas 4:4-5 enfatiza que, mesmo estando sujeito à lei, Cristo assumiu a condição humana para redimir os que estavam cativos do pecado, abrindo-lhes o caminho para serem adotados como filhos de Deus.

Distinção entre adoção e outros benefícios. Embora a adoção esteja ligada à justificação e à regeneração, ela é distinta desses privilégios. Deus poderia ter perdoado os pecados e concedido o direito legal de permanecer diante dEle sem, contudo, tornar os crentes Seus filhos. Igualmente, Ele poderia ter vivificado espiritualmente sem torná-los membros de Sua família. No entanto, a adoção enfatiza o relacionamento pessoal com Deus. Atente para o que diz João 1:12: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome". Essa passagem ressalta que a filiação divina não se resume a um benefício jurídico ou ao perdão, mas envolve uma transformação relacional profunda, conferindo aos crentes o status de filhos de Deus (ver 1 João 3:1 e Gálatas 4:7).

2. Privilégios da Adoção

Recepção na família de Deus. Através da adoção, os crentes são recebidos no número dos filhos de Deus, passando de estranhos e estrangeiros para membros da família de Deus. Eles desfrutam da liberdade e dos privilégios que pertencem aos filhos (Efésios 2:19; Gálatas 4:7).

Carregam o nome de Deus. Os adotados têm o nome de Deus sobre si, indicando que agora pertencem a Ele e são reconhecidos como parte de Sua família. Efésios 1:13-14 fala de um selo do Espírito Santo da promessa e podemos dizer que este selo do Espírito Santo sobre os crentes pode ser interpretado como a marca distintiva que indica que o nome de Deus repousa sobre eles, simbolizando o seu pertencimento à família divina. Já Apocalipse 3:5 garante que o nome do vencedor nunca será apagado do livro da vida e reforça o reconhecimento eterno de que ele pertence à família de Deus.

Recebimento do Espírito de Adoção. Os crentes recebem o Espírito de adoção, o que lhes permite ter a certeza de que são filhos de Deus. O Espírito Santo testifica com o espírito dos crentes que eles são filhos de Deus, permitindo-lhes clamar "Abba, Pai" (Romanos 8:15-16). O Espírito Santo também sela os crentes para o dia da redenção. Voltemos para o texto de Efésios 1:13-14: "Nele, também, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e nele também crestes, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até à redenção daqueles que Deus nos reservou para louvor da sua glória". Este selo do Espírito Santo não só confirma a filiação divina, mas também serve como garantia da herança futura dos crentes, assegurando sua redenção final e eterna.

Acesso ao Trono da Graça. Os filhos de Deus têm acesso direto e ousado ao trono da graça, podendo se aproximar de Deus com confiança para receber misericórdia e encontrar graça para auxílio em tempo de necessidade (Hebreus 4:16). O véu do santuário foi rasgado, simbolizando o acesso direto a Deus. É o que encontramos em Mateus 27:51: "E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, e as pedras se dividiram". O rasgar do véu, ocorrido no momento da morte de Cristo, simboliza o fim das barreiras que separavam o homem da presença de Deus. Por meio da obra redentora de Jesus, os crentes passaram a ter acesso direto ao Pai, sem a necessidade de intermediários.

Tratamento como Filhos. Deus trata os crentes com piedade, como um pai cuida de seus filhos (Salmos 103:13). Ele os protege (Isaías 41:10), provê as suas necessidades (Filipenses 4:19) e os corrige quando necessário, visando sempre o seu bem (Provérbios 3:11-12; Hebreus 12:11). A disciplina de Deus não é uma punição, mas uma correção para o crescimento e edificação do caráter.

Herança da Salvação. Os crentes são herdeiros das promessas de Deus e co-herdeiros com Cristo, aguardando a eterna salvação (Romanos 8:17; Hebreus 9:28). Eles herdarão o reino de Deus, pois todos os que são adotados como filhos de Deus são vencedores e herdeiros do reino (Mateus 25:34; Apocalipse 21:7). A herança inclui todos os bens de Deus, tanto da graça quanto da glória (Efésios 1:18).

Liberdade. A adoção traz liberdade cristã, que não é uma licença para viver segundo os próprios prazeres, não se trata de permissividade (Gálatas 5:13), mas a libertação do pecado (Romanos 6:22), de Satanás (Colossenses 1:13) e da lei (Gálatas 4:5). Os crentes não são mais escravos sob a lei, mas filhos que obedecem a Deus por amor (Gálatas 4:7; João 14:15).

3. Implicações da Adoção

Relacionamento com Deus. A adoção estabelece um relacionamento pessoal e íntimo com Deus (João 1:12), em que Ele é o Pai amoroso e os crentes são seus filhos amados (1 João 3:1; Romanos 8:15). Os crentes são conduzidos pelo Espírito de Deus e têm um relacionamento de confiança com Ele (Romanos 8:14; Hebreus 10:22).

Relacionamento com outros crentes. A adoção faz com que os crentes se tornem parte de uma grande família (Efésios 2:19), tendo irmãos e irmãs em Cristo trazendo novos laços familiares, com outros crentes (Mateus 12:50). Eles têm novos relacionamentos horizontais (Romanos 12:10), além do relacionamento vertical com Deus (1 João 1:3).

Certeza e Segurança. A adoção concede aos crentes a certeza de que são filhos de Deus (Romanos 8:16), selados pelo Espírito Santo (Efésios 1:13). Eles têm a segurança da proteção e do cuidado paternal de Deus (Salmos 91:1-2; 1 Pedro 5:7). Eles podem confiar que não serão abandonados (Deuteronômio 31:8; Salmos 40:1-10; 56:3-4; 62:5-8; 125:1; Romanos 8:31-39; 10:11; 1 Pedro 5:6-7; Hebreus 13:5-6; 2 Tessalonicenses 3:3-4; 5:23-24; 2 Timóteo 1:12; 1 João 5:14-15; Mateus 28:20; João 14 e 17).

Esperança: A adoção também envolve a esperança da plena manifestação da filiação na ressurreição (1 João 3:2; Romanos 8:23), quando os crentes receberão a totalidade da herança. A esperança da adoção é a ressurreição dos corpos (Hebreus 6:19).

Conclusão

A adoção é um privilégio extraordinário concedido por Deus aos que creem em Jesus Cristo, que, uma vez concedido, garante uma segurança eterna. Ela confere aos crentes um novo status, uma nova identidade e um novo relacionamento com Deus, transformando-os em membros de Sua família, herdeiros de Sua promessa, uma herança que é guardada no céu, e participantes de Seus privilégios. A doutrina da perseverança dos santos, que é baseada na doutrina da adoção, assegura que, uma vez adotados, os crentes são mantidos na fé pelo poder de Deus e perseverarão até o fim, pois a adoção não é um mero status legal, mas uma união indissolúvel com Cristo, selada pelo Espírito Santo para o dia da redenção.

Essa segurança eterna decorrente da adoção, é que garante a perseverança dos santos, trazendo grande conforto e confiança aos crentes. Eles têm a certeza de que, uma vez recebidos na família de Deus, não serão abandonados e participarão plenamente da herança celestial. A adoção, portanto, não é, de novo digo, apenas uma mudança de status, mas uma transformação completa e permanente em seu relacionamento com Deus, garantindo a eles uma vida eterna. A perseverança dos santos é, então, a garantia da fidelidade de Deus em manter sua promessa de adoção, assegurando que aqueles que são adotados por Ele permanecerão em seu amor e cuidado para sempre. 


26 julho 2020

A Experiência da Justificação e da Adoção

Certa vez, João Calvino disse que a justificação é a dobradiça principal sobre a qual a religião gira. Segundo ele, "justificado é aquele que, excluído da justiça das obras, se agarra à justiça de Cristo por meio da fé e revestido com ela, se apresenta aos olhos de Deus não como um pecador, mas como um homem justo". Encontramos ecos dessa definição da justificação no Dia do Senhor 23 do Catecismo de Heidelberg, que afirma que Deus imputa "a perfeita satisfação, a justiça e a santidade de Cristo (...) como se eu nunca que tivesse cometido pecado algum (...) como se pessoalmente eu tivesse cumprido toda a obediência Cristo cumpriu por mim".

No entanto, por mais gloriosa que seja a doutrina da justificação, existe ainda outra doutrina, relacionada a ela, que é ainda mais gloriosa: aqueles que são justificados pela fé também são adotados por Deus como membros de sua família. Por que isso é uma bênção maior do que aquela que resulta da justificação? A adoção nos insere num relacionamento com Deus ainda mais rico do que: a justificação. A justificação tem a ver.com nosso relacionamento legal com Deus. Na justificação, Deus, o Juiz, declara isento das exigências da lei o pecador que crê porque essas exigências já foram satisfeitas por um Fiador. Mas, na adoção, Deus não é apenas nosso Juiz apaziguado; mas nosso Pai reconciliado. Este é o bem supremo da religião cristã: "Vede", diz João; o apóstolo, "que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus" (1Jo 3.1).

Por que essa bênção superior não é experimentada mais frequentemente em toda a sua riqueza? Por que não há um número maior de cristãos que desfrutam dos privilégios da filiação como deveriam? Por que tantos se sentem impelidos a dizer com John Newton:

Este é um ponto que desejo saber
Pois muitas vezes provoca pensamentos angustiados;
Amo eu o Senhor, ou não
Pertenço eu a ele, ou não?

Existem razões válidas para lamentos desse tipo. Todo o povo de Deus passa por momentos em que medos e dúvidas o afligem. Quando o cristão descobre quem e o que ele é perante um Deus santo, ele pode achar difícil apropriar-se de tamanhas.bênçãos. Existem muitos que possuem as marcas essenciais da graça e mesmo assim hesitam em dizer:"Aba; Pai!". Podem até acreditar que Cristo é seu único refúgio e esperança; e há momentos em que “a paz, como um rio, acompanha seu caminho", mas eles também podem passar por períodos em que não têm a plena certeza de sua filiação como desejariam ter.

Estou descrevendo a sua situação? Você experimenta com frequência a falta de ousadia para se aproximar de Deus como seu Pai com certeza plena? O que você faz? Você precisa aprender a fixar sua mente nesta verdade: filhos de Deus são adotados por meio da graça, em nome de Cristo. Nossa filiação é resultado da Filiação de Cristo! Baseia-se naquilo que ele fez para adquirir a bênção da filiação para nós. Ele foi rejeitado por Deus durante um tempo e, assim, privado do amor de seu Pai, ele exclamou: "Deus meu" - não meu Pai; mas meu Deus - “porque me abandonaste?". Ele o fez "para que pudéssemos ser aceitos por Deus e jamais abandonados por ele" (Fórmula para Administração da Ceia do Senhor).

Como é maravilhoso o caminho de Deus para a salvação! Seu coração não arde quando você ouve essas verdades maravilhosas da Palavra de Deus(Lc 24.32)? Você ainda tem medo de chamar Deus de seu Pai, mesmo não conseguindo negar que crê em seu Filho? Seu Pai quer que você chame pelo nome que lhe de direito. Quando o filho pródigo voltou para a casa do seu pai com um coração arrependido, ele, sem dúvida, temia que a porta daquela casa tivesse se fechado para ele. Tendo pecado contra o céu e contra seu de não podia esperar ser recebido como filho. Mas seu pai tinha outros planos para ele. Imagine a cena: o pai correndo em direção ao seu filho perdido, seguido por um abraço cordial e um beijo ardente, depois o melhor vestido, o anel, os sapatos e a festa - e tudo isso por um filho que estava morto, mas voltou a viver.

Fonte: Bíblia de Estudo Herança Reformada