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23 julho 2024

A Nova Aliança em Jesus Cristo

O estudo abaixo foi realizado na Igreja Presbiteriana do Ibura, em Recife/PE, na Escola Bíblica Dominical. 

ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER 
Capítulo VII. O Pacto de Deus com o Homem 

Na seção VI do capítulo 7, temos o seguinte:
Seção VI. Sob o Evangelho, quando foi manifestado Cristo, a substância, as ordenanças pelas quais este pacto é dispensado são a pregação da palavra e a administração dos sacramentos do batismo e da ceia do Senhor; por estas ordenanças, posto que poucas em número e administradas com maior simplicidade e menor glória externa, o pacto é manifestado com maior plenitude, evidência e eficácia espiritual, a todas as nações, aos judeus bem como aos gentios. É chamado o Novo Testamento. Não há, pois, dois pactos de graça diferentes em substância mas um e o mesmo sob várias dispensações.

A Confissão de Fé de Westminster, em sua seção VI do capítulo 7, afirma que há apenas um pacto de graça, embora tenha sido administrado de maneiras diferentes ao longo da história (Gálatas 3:14-16; Atos 15:11; Romanos 3:21-23,30; Hebreus 8). Esse único pacto se manifesta em duas grandes eras: a do Antigo Testamento e a do Novo Testamento. No Antigo Testamento, Deus estabeleceu seu pacto com o povo de Israel, utilizando tipos e sombras para prefigurar a redenção completa que viria por meio de Jesus Cristo. As ordenanças daquela época, como a circuncisão e a Páscoa, serviam como sinais e selos desse pacto, apontando para Cristo. O apóstolo Paulo, em Colossenses 2:17, afirma que essas ordenanças eram "sombra das coisas que haviam de vir", sendo Cristo a substância, a realidade que elas anunciavam.

Com a vinda de Jesus Cristo, a substância do pacto se manifesta em sua plenitude. Ele é o cumprimento de todas as promessas e profecias do Antigo Testamento (ver Colossenses 2:17 em comparação com Hebreus 8:5). Em Cristo, o pacto de amizade entre Deus e o homem é estabelecido de forma eterna e inquebrável. A Nova Aliança, portanto, não é um pacto totalmente novo, mas sim uma nova revelação do pacto eterno de Deus. É importante notar que a mudança de Moisés para Cristo como mediador não representa uma mudança na essência do pacto, pois Moisés já prefigurava Cristo em seu papel de mediador. Moisés, como um tipo de Cristo, prenunciava o papel de Cristo como mediador. Hebreus 3:5 se refere a Moisés como "testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas" e Deuteronômio 18:15 profetiza um profeta "semelhante a mim [Moisés]", referindo-se a Cristo.

A Nova Aliança traz consigo mudanças significativas na administração do pacto, mas não em sua essência. A lei, antes escrita em tábuas de pedra, agora é escrita nos corações dos crentes pelo Espírito Santo (Hebreus 8:10). As ordenanças também são simplificadas: a pregação da Palavra, o batismo e a Ceia do Senhor se tornam os meios pelos quais o pacto é administrado (Mateus 28:19,20; 1 Coríntios 11:23-25). Essas novas ordenanças, embora mais simples em sua forma, são marcadas por maior plenitude, evidência e eficácia espiritual, ou seja, a simplicidade das novas ordenanças não significa uma perda de significado ou diminuição dela, mas sim um foco maior na realidade espiritual que elas representam (ver Hebreus 12:22-28; Jeremias 31:33,34). 

Ao lermos Hebreus 8:1,2,5-7,13 notamos que o autor chama a "antiga aliança" de "antiquado e envelhecido" e conclui que está prestes a desaparecer, justamente porque aquilo que a antiga aliança apontava, já era realidade, Jesus Cristo. Uma vez que Cristo veio para cumprir a lei, aquelas antigas práticas da antiga aliança deixaram de fazer sentido. A conclusão do autor da carta é óbvia: "Quando ele diz "nova aliança", torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer". E de fato, desapareceu, e não há mais nenhuma lógica de crer que um dia voltarão as antigas práticas de uma lei "envelhecida e antiquado"!

A Nova Aliança também abrange todas as nações, judeus e gentios, cumprindo a promessa de Deus a Abraão de que em sua semente todas as nações seriam abençoadas. Gálatas 3:7 afirma que "os da fé é que são filhos de Abraão", indicando que a aliança está disponível a todos que creem, independentemente da descendência étnica. A promessa a Abraão de que "em sua semente todas as nações seriam abençoadas" encontra seu cumprimento em Jesus Cristo, que quebra as barreiras entre judeus e gentios, tornando-se o único mediador entre Deus e a humanidade (ver Mateus 28:19; Efésios 2:15-19).

A unidade do pacto demonstra a continuidade do povo de Deus ao longo da história. O verdadeiro Israel sempre foi o povo espiritual de Deus, composto por aqueles que são unidos a Cristo pela fé, independentemente de sua descendência física. Os gentios crentes, portanto, são enxertados na promessa feita a Abraão e se tornam co-herdeiros com os judeus que creem. Romanos 4:11-16 e Gálatas 3:7 deixam claro que Abraão é pai de todos os que creem, judeus ou gentios.

A plena consumação do pacto se dará quando Deus estabelecer seu reino eterno, e o tabernáculo de Deus estará com os homens. Apocalipse 21:3 descreve esse momento glorioso, quando Deus habitará com seu povo redimido de forma plena e definitiva. A Ceia do Senhor, celebrada na igreja, serve como um antegosto dessa comunhão eterna com Deus, simbolizando o banquete que nos aguarda em Sua presença. Apocalipse 3:20 ilustra o convite de Cristo para a igreja, onde Ele diz: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo". Este versículo demonstra a comunhão íntima que Cristo deseja ter com Seu povo, simbolizada pela Ceia do Senhor. Através da Ceia do Senhor, o povo de Deus celebra o pacto de amizade com Ele, alimentado pelo corpo e pelo sangue de Cristo (conferir Apocalipse 19:9 e Lucas 22:16 referindo-se à Páscoa, precursora da Ceia do Senhor).


27 abril 2024

3 Coisas para saber sobre o livro de Amós

Por Allan Harman 

Mesmo que a gente não saiba muito sobre alguns profetas da Bíblia, o livro de Amós, assim como o de seu contemporâneo Isaías, é diferente. Logo no começo, Amós conta que era de Tecoa e que sua missão era falar com o Reino do Norte de Israel. Ele diz que isso aconteceu dois anos antes de um terremoto, quando Uzias era rei de Judá e Jeroboão era rei de Israel (Amós 1:1). Isso quer dizer que o livro provavelmente foi escrito por volta de 760 AC, mas não tem jeito de saber a data exata do terremoto. Podemos aprender três coisas bem importantes com esse livro:

1) Profeta era alguém escolhido por Deus 

Amós não era de Israel, mas do reino do sul, Judá. "Volte para a sua terra!", disse Amasias, o sacerdote de Betel, "procure comida lá e trabalhe como profeta por lá" (Amós 7:10-13). Amós era fazendeiro até que Deus mandou ele ir para o Reino do Norte de Israel com sua mensagem.

Ser profeta não dependia da família da pessoa nem de nenhum grupo religioso profissional. O que importava era o chamado de Deus para ser o porta-voz dele. Deus escolhia os profetas de acordo com a necessidade da época e lhes dava as palavras certas para falar com o povo. Antes de Deus agir, ele confiava a sua mensagem a mensageiros escolhidos por ele. O plano secreto do Senhor era comunicado através dos seus servos, os profetas.

2) O papel dos profetas estava ligado à aliança que Deus fez com Israel

Os profetas serviam como intermediários entre Deus e o seu povo da aliança. Eles anunciavam a palavra de Deus e incentivavam a obediência às suas regras. Eram como guardas do reino, cobrando dos reis e líderes a responsabilidade por suas ações diante de Deus. Podemos dizer que eram fiscalizadores da aliança, dedicados a manter o laço especial que Deus tinha feito com o seu povo.

A aliança colocava os filhos de Israel numa posição única e privilegiada. As primeiras mensagens do livro de Amós são para as nações vizinhas de Israel (Síria, Gaza, Tiro, Edom, Amom, Moabe e Judá, veja Amós 1:1-2:16). Depois, quando o profeta finalmente fala com Israel, ele transmite a mensagem do Senhor para a nação pecadora: "Só a vocês eu conheci dentre todas as famílias da terra" (Amós 3:2). O texto hebraico deixa claro a exclusividade da relação entre Deus e o seu povo: "Somente vocês..." Israel foi escolhida não por ser a maior ou mais forte, mas simplesmente porque Deus a amava (Deuteronômio 7:7).

Mas um relacionamento único trazia responsabilidades únicas. Eles precisavam entender que ser escolhido para uma posição especial significava também ser escolhido para ter responsabilidades. Israel não teria bênçãos automáticas. Na verdade, o povo corria o risco do julgamento divino e não poderia escapar da punição por suas maldades (Amós 3:2). A Bíblia ensina que o julgamento começa pela casa de Deus (1 Pedro 4:17). Amós nos mostra que privilégios da aliança não podem ser separados da obediência aos mandamentos de Deus.

3) A visão de futuro de Amós tem várias faces

Quase sempre, os profetas tinham mensagens que falavam do futuro. O povo imaginava o dia do Senhor como um dia de brilho e luz, sem perceber que seria um dia de "trevas, e não de luz, escuridão, sem nenhum brilho" (Amós 5:20). Eles precisavam aprender que festas alegres e oferendas não iriam acalmar um Deus magoado. Seus pecados, incluindo a idolatria, acabariam levando ao exílio além de Damasco (Amós 5:26-27). A saída de Israel da terra prometida seria outro ato soberano de Deus ("e eu os enviarei..." ).

Mas Amós também fala de esperança, e essa esperança tem dois lados. O primeiro fala da tenda caída de Davi (Amós 9:11-12). A família de Davi era importante na história de Israel e Judá. O texto diz que ela está em ruínas, mas que no futuro será restaurada e vai incluir gentios, ou seja, pessoas que não eram do povo judeu. A interpretação de Tiago sobre essa passagem na assembleia de Jerusalém apoia essa ideia (Atos 15:16-17). A inclusão de gentios na igreja do Novo Testamento foi a realização do plano de Deus anunciado através do profeta Amós.

O último elemento de esperança é que Deus vai plantar o seu povo em um novo Éden. É importante notar que, apesar do pecado de Israel, Deus não os abandonou. Ele vai restaurar a sorte do seu povo, o que provavelmente vai acontecer no fim dos tempos, quando o povo espalhado de Deus será reunido no seu reino eterno. As palavras finais da profecia reafirmam a aliança, porque o Deus da aliança (observe como o nome de Deus usado aqui é YHWH, que representa a aliança) continua sendo o Deus deles, e Ele vai cumprir a sua vontade para eles (Amós 9:11-15).

Fonte: Ligonier