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24 janeiro 2023

[Devocional] Morte e Ressurreição

E, se Cristo não ressuscitou, é vã a fé que vocês têm, e vocês ainda permanecem nos seus pecados. (1 Coríntios 15.17)

Morte e ressurreição estão lado a lado, andam de mãos dadas, pois quando a morte é mencionada, tudo que é peculiar à ressurreição está incluso. Como também o inverso é verdadeiro: quando a ressurreição é mencionada, tudo que é peculiar à morte está incluso.

Mas Jesus por ter ressuscitado, obteve a vitória e tornou-se a ressurreição e a vida e por isso Paulo diz "...Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Romanos 8.34.).

Já que a mortificação de nossa carne depende da comunhão com a cruz, devemos também compreender que há um benefício correspondente derivado da ressurreição de Jesus. Por isso Paulo diz "...como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos..., assim também andemos em novidade de vida" (Romanos 6.4).

Da mesma forma, a partir do fato de estarmos mortos com Cristo, "fazei pois morrer a vossa natureza terrena" (Colossenses 3.5), de mesmo modo, a partir do fato de sermos ressuscitados com Cristo, "...buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus" (Colossenses 3.1).

Essa verdade nos assegura um benefício: nossa própria ressurreição, da qual temos por Cristo nossa mais perfeita e verdadeira representação. Essa é a nossa esperança: se Cristo ressuscitou, seremos ressuscitados também, pois como Paulo disse: "se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a essa vida, somos as pessoas mais infelizes deste mundo"(1Coríntios 15.19).

Portanto, esta é a certeza do crente em Jesus: todos nós iremos passar pela morte, mas seremos ressuscitados e viveremos por toda a eternidade junto com Jesus: "Temos certeza de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos, da mesma forma nos ressuscitará com Ele e nos apresentará convosco" (2 Coríntios 4:14).

17 janeiro 2023

[Devocional] O Jugo Suave

Nathaniel Vicent 

Porque o meu jogo é suave, e o meu fardo é leve. Mateus 11.30 

Pelo fato de Cristo ser tão compassivo, certamente não é razoável reclamar e recusar a submeter-se ao Seu jugo. Um jugo tão misericordioso como esse deve ser um jugo suave; e o Seu fardo é um fardo leve (Mt 11.30). O reino do Céu é como um casamento; se a submissão da esposa a um marido terno e indulgente é doce e agradável, muito mais agradável é a submissão do crente a Cristo. Os ímpios são estranhamente preconceituosos a respeito do cetro e do governo de Jesus; mas não há justificativa para isso. Eles dizem: “Não queremos que esse Senhor reine sobre nós”. É misericordioso ser transportado para o Reino, porque você será liberto de todos os outros senhores, que são ditatoriais, cruéis e recompensam com a morte todos os serviços que lhes são prestados. Todos os preceitos de Cristo são benéficos para você, e Ele não lhe impõe qualquer proibição exceto aquilo que Ele vê que pode lhe ser prejudicial. Penso que, ao ler essas palavras, o mais obstinado de todos deveria render-se e dizer: “Deixamos o Senhor da vida do lado de fora, mas foi um erro; não pensávamos que servir a Ele significava estar tão próximo da liberdade; imaginávamos que Suas ordens eram cruéis, portanto as abandonamos, mas agora devem ser mais valorizadas que o ouro, sim, o ouro mais fino, e são mais doces do que o mel e o favo”.


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Sobre o autor:
Nathaniel Vincent (1639–97). Nasceu em Cornwall e graduou-se pela Christ Church, Oxford, em 1656. Foi nomeado capelão do Corpus Christ College e, posteriormente, exerceu o cargo de pastor em Buckinghamshire. Após a Grande Expulsão de 1662, Vincent passou três anos como capelão particular antes de mudar-se para Londres em 1666. Foi multado, maltratado e literalmente arrastado do púlpito por pregar. Vincent passou vários meses na prisão e foi banido do país, porém um erro em sua acusação evitou que a sentença fosse executada. Enfraquecido pelo confinamento, Vincent faleceu em 1697. Publicou vários sermões ao longo da vida.

Fonte: Pão Diário


02 outubro 2022

[Devocional] Apegue-se a Cristo

Richard Alleine 

Preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente. Filipenses 2:16 

Permaneça perto de Cristo, do contrário é provável que você nunca tenha uma estreita ligação com Ele. Quanto mais nos aproximarmos de Cristo, quanto mais firmes permanecermos, menos perigos teremos de cair. A raiz de uma árvore, se for desprendida do solo, será arrancada com mais facilidade. Pode ser que algumas raízes secundárias a sustentem para que ela não morra. Mas, se a raiz principal for desprendida, o perigo de tombar será maior. A união da alma com Cristo é descrita como a união do marido com a esposa: “Eis que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher” (Ef 5:31). A palavra no original significa ficar colado à esposa. E se duas peças forem coladas uma na outra, se encolherem ou perderem a aderência, se separarão. Tome cuidado para não se encolher nem perder a aderência com Cristo; a cola enfraquecerá se você fizer isso; e assim que perder a aderência, você não saberá até que ponto será levado para longe dele. Ó, tome cuidado para não aumentar a distância, para não se afastar de Cristo; fique perto dele se quiser permanecer firme.

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Sobre o autror:
Richard Alleine (1611–91). Alleine, autor de A Vindication of Godliness [Defesa da piedade], uma defesa sustentada por piedade pessoal, foi reitor de Batcombe, em Somersetshire, onde serviu como ministro do evangelho por mais de 20 anos. Apesar de ter sido zeloso pela obra do Senhor, foi expulso de seu púlpito em 1662. É normalmente citado como irmão de Joseph Alleine, mas, na verdade, era seu tio. As obras de Alleine são investigativas, convincentes e edificantes. Ele é muito conhecido por seus escritos práticos, que normalmente são publicados com as iniciais “R.A.”.

Fonte: Pão Diário


18 setembro 2022

[Devocional] Outros deuses

John Dod/Robert Cleaver 

Não terás outros deuses diante de mim (Êx 20.3)
 
O significado do primeiro mandamento é que devemos santificar Deus em nosso coração e oferecer-lhe tudo o que é adequado e peculiar à Sua majestade. […] Não ter outros deuses significa não ter nada que nos cause atração irresistível ou que estimamos mais do que Deus. Portanto, a doutrina é que não devemos permitir que nada afaste nossa alma, ou qualquer coisa em nós, de Deus, pois isso passa a ser o nosso deus, aquilo que mais nos atrai. Se nossa mente estiver ocupada com qualquer outra coisa que não seja a glória e o serviço a Deus, isso passa a ser outro deus para nós. Quanto à questão de conveniência, se colocarmos a esperança, a confiança e o coração na riqueza, isso é idolatria. O homem rico descrito no evangelho fez da riqueza o seu deus visto que confiava nela e a adorava; pois aqui ele fala da adoração interior a Deus na alma. Se confiarmos na riqueza e pensarmos que estamos seguros por possuí-la, quando ela nos for retirada, será o nosso fim. […] A ganância é chamada de idolatria […] diante da qual nossa alma e afeições, nossa inteligência, memória, compreensão e todas as nossas faculdades se curvam quando deveríamos nos curvar somente diante de Deus.

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Sobre o autror:
John Dod (1549–1645) estudou na Jesus College, Cambridge. Durante esse período, foi um debatedor tão eficiente que o corpo docente da faculdade o convidou para associar-se a eles, mas Dod declinou a oferta. Continuou em Cambridge durante 16 anos como aluno e depois como professor. Em 1579, foi empossado pastor em Hanwell, Oxfordshire, e ocupou essa posição por 20 anos. Foi genro do famoso puritano casuísta Richard Greenham. A obra mais famosa de Dod é Exposition upon the Ten Commandments [Exposição sobre os Dez Mandamentos], escrito em parceria com Robert Cleaver.



10 setembro 2022

[Devocional] Examine as Escrituras

William Gouge 

E logo, durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Bereia; ali chegados, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim. At 17:10,11. 

Devemos examinar as Escrituras para conhecer a vontade de Deus, porque nelas está contida a Sua vontade. Essa é a busca para a qual se promete conhecimento e entendimento. E para nos ajudar nesse assunto, devemos ser leitores diligentes da Palavra de Deus. Com referência aos judeus convertidos, nota-se que eles continuaram firmes na doutrina dos apóstolos, e está escrito que eram ouvintes diligentes e constantes dos apóstolos, bem como fiéis confessores e praticantes dessa doutrina. A primeira afirmação é a causa da segunda. A pregação da Palavra é uma grande ajuda para levar-nos a fazer a vontade de Deus. E a esse respeito há uma dupla explicação. Primeira, porque a vontade de Deus é apresentada a nós de modo mais claro, mais distinto e mais completo. Segunda, porque é um meio santificado por Deus para creditar e assegurar a verdade daquilo que é revelado; sim, e para fazer a nossa vontade, o coração e as afeições se renderem a ela e se firmarem nela. Sobre esse assunto, diz a sabedoria de Deus, que está especialmente apresentada na pregação de Sua Palavra: “Feliz o homem que me dá ouvidos, velando dia a dia às minhas portas, esperando às ombreiras da minha entrada” (PV 8:34).

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Sobre o autror:
William Gouge (1578–1653). William Gouge era sobrinho de Samuel e Ezekiel Culverwell, ambos ilustres puritanos. Estudou primeiro na St. Paul’s School e completou o curso secundário na escola de Felstead, Essex, onde seu tio Ezekiel era pároco. Depois estudou em Eaton e dali ingressou-se no King’s College, Cambridge. Gouge fez grandes avanços em lógica e defendeu a nova filosofia de Peter Ramus (um sistema aristotelista diluído). Por recomendação de Arthur Hildersam, Gouge foi nomeado ministro do evangelho da St. Anne’s, Blackfriars. Em 1643, fez parte da Assembleia de Westminster, e dizem que “não havia ninguém mais assíduo que ele”. Gouge, conhecido como um amável erudito, ficou mais famoso por seu livro Commentary on the Epistle to the Hebrews [Comentários sobre a epístola aos Hebreus], concluído pouco antes de sua morte. Publicado posteriormente, o comentário sobre Hebreus encheu dois grandes fólios e consistia de quase mil sermões pregados em Blackfriars.


16 agosto 2022

[Devocional] Ver Deus

Jeremiah Burroughs 
Rogo-te que me mostres a tua glória (Êx 33:18). 
Quanto mais vemos Deus elevado, menores devemos ser aos nossos olhos. Não há nada que nos torne mais humildes que a reflexão acerca de Deus. Penso que todo coração orgulhoso neste mundo não conhece a Deus, nunca teve a visão da glória de Deus como deveria. Quando vemos Deus, nosso coração se torna maravilhosamente humilde diante dele. Jó é um famoso exemplo disso. Ele declara: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (42:5,6). Jó era um homem íntegro e reto, no entanto confessou que conhecia Deus só de ouvir falar, que nunca o havia visto até aquele momento que o próprio Deus lhe proporcionara. E ao ver Deus daquela maneira, embora fosse um homem íntegro e capaz de continuar a viver em retidão, ele diz: “Agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza”. Ó, quem dera Deus desse uma visão de si mesmo a todos nós, aos orgulhosos, aos resistentes, aos que se rebelam contra Ele. Vocês conheciam Deus só de ouvir, mas os seus olhos já o viram? Se Deus lhes desse uma visão do que lhes falei sucintamente, certamente se ajoelhariam diante dele e se abominariam no pó e na cinza.

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Sobre o autror:
Jeremiah Burroughs (1599–1647). Burroughs, outro puritano muito produtivo, foi um pregador benquisto e bem-sucedido em Londres. Representou a causa Independente na Assembleia de Westminster e passou seis anos pregando em uma pequena igreja rural. Foi ministro do evangelho na igreja inglesa em Rotterdam e, após retornar a Londres, tornou-se a “estrela da manhã” da igreja em Stepney. Burroughs foi um dos melhores oradores puritanos de sua época; dedicava um amor especial aos Pais da Igreja e à História Cristã. Cotton Mather observou que Moses His Choice [Moisés sua escolha], de Burroughs, “não fará você reclamar que perdeu tempo por tê-lo em sua companhia”.

Fonte: Pão Diário


06 agosto 2022

[Devocional] Contentamento Divino

Thomas Watson 
Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. (Hb 13:5) 
O contentamento é algo divino; passa a ser nosso, não por aquisição, mas por infusão. É um enxerto da árvore da vida implantado na alma pelo Espírito de Deus; é um fruto que não cresce no jardim da filosofia, mas tem origem celestial. É fácil observar que o contentamento está ligado à piedade, e os dois se completam: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento” (1Tm 6:6). Quando o contentamento é uma consequência da piedade, ou concomitante, ou ambas as coisas, digo que é divino, para distingui-lo daquele contentamento que um homem de bons princípios é capaz de sentir. Aparentemente os pagãos sentem esse contentamento, mas é apenas uma sombra e imagem dele — é berilo, não diamante verdadeiro: um é polido, o outro é sagrado; um baseia-se nos princípios da razão, o outro, da religião; um é apenas iluminado pela tocha da natureza; o outro é a lâmpada das Escrituras. A razão pode transmitir um pouco de contentamento da seguinte forma: seja qual for a minha condição, foi para isso que eu nasci. E se enfrento sofrimentos, esta é uma desventura universal: todos têm sua cota de sofrimento, então por que eu deveria me perturbar? A razão pode sugerir isso; e, na verdade, pode ser restritivo; mas, para viver com segurança e alegria em Deus tendo escassez de provisões humanas, somente a religião pode trazer isso ao tesouro da alma.

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Sobre o autror: Thomas Watson (m.1696). Pouco se conhece a respeito do início da vida de Watson. Recebeu grau de mestrado em Letras pelo Emmanuel College, em Cambridge, e a seguir iniciou um longo pastorado na St. Stephen’s Walbrook, em Londres. Foi preso com Christopher Love, William Jenkins e outros em 1651 por tomar parte em um plano para restabelecer a monarquia. Foi libertado após a promessa de que se comportaria apropriadamente. Em 1662, Watson foi expulso por inconformismo. Retirou-se para Essex em 1696, onde morreu.


01 agosto 2022

[Devocional] Pensamentos sobre o céu

Henry Scudder 
A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada. (Ap 21:23) 
No Céu há perfeita obediência. Não há erro, mesmo na menor das circunstâncias. “Agora, conheço em parte”, diz o apóstolo, “então (isto é, quando chegar ao Céu), conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13:12). Ao referir-se aos novos Céus, Pedro disse: “nos quais habita justiça” (2Pe 3:13). O Céu é o lugar santo no qual nenhum ímpio pode entrar, porque, quando havia pessoas desobedientes no Céu, ou seja, o diabo e seus anjos, que não mantiveram seu estado original, o Céu os vomitou, para nunca ser enganado por eles ou coisa parecida. No Céu não há tentadores; há apenas Deus, anjos e os espíritos dos justos que se tornaram perfeitos. Assim, não há nenhuma tentação para pecar. Esses pensamentos suavizam a dor quando nossos amigos morrem no Senhor, pois o lugar para onde a morte os levou é o Céu. Isso nos dá segurança de que eles estão onde se tornaram perfeitos, onde não ofenderão nem serão ofendidos. Será que essa meditação produz nos filhos de Deus não apenas contentamento, mas o desejo de abandonar este tabernáculo (o corpo) para ser transformado quando o Senhor assim o desejar, uma vez que a transformação será tão feliz? Trata-se apenas de abrir mão de uma terra infeliz e pecaminosa para viver no Céu, onde habita a justiça perfeita. Trata-se de abandonar a mortalidade em troca da vida, o pecado em troca da graça, e a infelicidade em troca da glória. Lá, não há atores nem contempladores do pecado. Lá, não há pecado para contaminá-los ou aborrecê-los. Quando estivermos exaustos e quase desfalecendo em nosso combate contra o pecado e contra este mundo perverso, devemos considerar que em breve, se permanecermos firmes e corajosos, esse pecado e essa carne não nos aborrecerão mais. Quando a morte chegar, ela será o portal para o Céu. Certamente a morte separa o pecado da alma e do corpo para sempre da mesma forma que a alma se separa do corpo por uns tempos, pois o nosso lugar é no Céu, onde os anjos habitam, os exemplos de nossa obediência. Quando chegarmos lá, seremos iguais aos anjos (Lc 20:36) e estaremos para sempre com o Senhor.

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Sobre o autror: Henry Scudder (m.1659). Pouco se conhece a respeito de Scudder. Estudou no Christ’s College, Cambridge, em 1660, e ministrou em Drayton, Oxfordshire, até 1633. Em 1643, foi escolhido como um dos membros presbiterianos da Assembleia de Westminster. Sua obra mais conhecida, The Christian’s Daily Walk in Security and Peace [A caminhada diária do cristão em segurança e paz], foi altamente recomendada por John Owen e Richard Baxter.


14 novembro 2020

A Atualidade da Palavra de Deus

Por Tiago Santos 

A palavra “ética” vem do grego “ethos” e significa “caráter” ou, ainda, modo de ser. Significa, basicamente, o conjunto de valores morais que guiam o indivíduo em relação ao seu próximo. A moral, por sua vez representa os valores e costumes pelos quais uma sociedade se pauta.

A ética é matéria de grande importância nas ciências humanas pois é o que dá viabilidade ao convívio em sociedade, mas, via de regra, disciplinas que se pautam por uma ética mais secularista, isto é, que não reconhecem sua origem em Deus – mas como parte de um desenvolvimento social, terão como resultado um tipo de ética meramente descritiva, imanente, relativa, subjetiva, mutável e, por vezes, utilitarista.

Uma boa maneira de verificar como anda a ética numa dada sociedade é olhando suas leis. Normalmente, os costumes e leis que regem a vida social refletem a moral daquela comunidade e apontam para a volatilidade de sua ética coletiva.

No caso do Brasil, o Código Penal Brasileiro ajuda a ilustrar esta volatilidade: Até 1977, por exemplo, não existia divórcio na legislação brasileira. O sujeito separava e desquitava, mas não podia contrair novo matrimônio – isto é resultado de uma visão mais robusta (e até sacramental) do casamento, com base na teologia católico-romana. Mas podemos pensar em exemplos mais recentes, como a Lei 11.106 de 2005 que revogou os seguintes crimes contra o costume: 

  • a) Art 217) Sedução de mulher virgem, menor de 18 anos e maior de 14 “sedução que aproveita-se de sua inexperiência e justificável confiança”.
  • b) (Art 219) Rapto de mulher honesta mediante fraude.
  • c) (Art 240) Cometer adultério.
A supressão desses artigos é uma evidência da mudança de valores que não mais reconhece, no século 21, apenas 60 anos depois da promulgação do código (que é da década de 1940) o adultério como uma violação do casamento ou as figuras da “jovem inexperiente” e da “mulher honesta”.

Embora a ética seja tema de estudo e valor para várias disciplinas, como a filosofia, a sociologia, o direito, a psicologia, a política, dentre outras, a ética é também o ponto vital e mais determinante da Teologia.

Ética é matéria teológica e todo cristão deve entender isso. A maneira como ele vive é resultado de sua teologia. Sendo chamado por Deus para viver neste mundo mas refletir os valores do Céu, revelados por Deus nas Escrituras, o cristão rapidamente se vê diante de grandes dilemas, pois os valores do presente século estão muito distantes dos valores de Deus. Contudo, tendo o dever de ser “luz do mundo e sal da terra”, o cristão não pode viver isolado em algum tipo de subcultura ou “bolha eclesiástica”. Ele precisará ser capaz de articular os valores da Palavra de Deus no mundo em que está. Por esta razão, expressa opiniões tais como: ser contrário ao aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e a conduta homossexual, ou ainda a afirmação de que o núcleo familiar é monogâmico e heterossexual, dentre outros valores basilares das Escrituras.

Mas é preciso que o cristão moderno seja capaz de oferecer fundamento e solidez para as posições que expressa. C. S. Lewis, em um discurso para jovens anglicanos do país de Gales, em 1945, disse que: “Cada um de nós possui várias opiniões que parecem consistentes com a fé, verdadeiras e importantes. E talvez sejam. Mas nosso papel é defender o cristianismo (não nossa opinião). Temos de fazer a diferença entre a opinião pessoal e a Fé. O apóstolo Paulo fez isso em 1Co 7.25. (…). A maior dificuldade é levar os ouvintes modernos a entender que você prega o cristianismo porque acredita que ele é verdadeiro. Eles sempre supõem que você prega porque gosta da mensagem, acha que ele é boa para a sociedade. Bem, a distinção clara entre o que a Fé afirma e o que você gostaria que ela dissesse, ou o que você entende ou considera útil, força os ouvintes a entender que você está preso a seus dados, exatamente como o cientista é limitado pelo resultado da experiência. Você não diz apenas aquilo que gosta. Isto os ajuda a entender que o que está em discussão é uma questão sobre fato objetivo – não conversa vazia sobre ideias ou opiniões.” (C. S. Lewis, Ética para viver melhor: diferentes atitudes para agir corretamente. São Paulo, SP, Editora Planeta, 2018. Pg. 95).

Mas a Palavra de Deus e a ética cristã que esta ensina é a fonte definitiva da sabedoria de Deus para um mundo em crise. Os problemas enfrentados pelo homem são sanados pela Palavra.

Por isso o cristão deve ser capaz de articular os fundamentos de sua posição da ética bíblica e demonstrar que esta é a única e mais firme verdade pela qual o ser humano deve viver – um fato objetivo – ao tempo em que demonstra a fragilidade do sistema ético secular.

A ética cristã, se apresenta como tendo origem em um Deus pessoal e criador do universo, que se revelou ao homem e comunicou seu caráter a ele, sendo, portanto, revelada, transcendente, absoluta, normativa, objetiva, imutável e deontológica (isto é, uma ética do ser, independente dos resultados).

Enquanto “modus vivendi” estabelecido por Deus na criação, é dever de todo ser humano.

Na criação, Deus estabeleceu critérios pelos quais o homem deveria viver (Gn 1-3). O núcleo de toda vontade de Deus para todas as esferas da vida foi descortinado ao homem tanto no “imago Dei” como no pacto que Deus faz com o home na criação, de modo que Deus orienta o homem em todas as áreas da vida humana: a família, o trabalho, a cultura, a espiritualidade, enfim foram todos idealizados num mundo pré-queda e determinados por Deus como norma para a humanidade. A queda alienou o homem de Deus e seu efeito devastador na alma humana poluiu seu coração, incapacitando-o para cumprir a vontade de Deus. Mas Deus se manifestou em graça e chamou o homem a uma nova relação com ele, pela redenção prometida no Messias.

Assim, embora a ética cristã seja obrigação de todo homem, esta só pode ser verdadeiramente perseguida e aplicada por aqueles que forem convertidos a Deus pelo poder do Espírito no Evangelho, passando a desejar viver para agradar a Deus e fazer a vontade dele. Nesse sentido, sua aplicabilidade imediata será para os cristãos. Isso porque os cristãos são capacitados pelo Espírito de Deus para viver uma vida de obediência e debaixo do Senhorio de Cristo.

A ética cristã, ainda mais, procura discutir e definir questões fundamentais como o verdadeiro significado e propósito da vida humana, quem é o homem, qual é a natureza do homem, como deve ser o homem, o que é verdade, justiça e retidão, o que é moralmente certo e errado, o que é uma vida correta, como devem ser os relacionamentos interpessoais do homem, qual a posição do homem diante do seu Criador e diante do seu Salvador, Jesus Cristo, quais são as implicações do senso de dever, de obrigação moral do homem para com Deus e seu próximo. A tarefa da ética cristã é encontrar um critério objetivo para determinar qual é o bem com o qual o homem, como ser moral, deve se conformar – neste caso, a imagem e estatura daquele que viveu plenamente os valores da ética Cristã expressos na lei moral, Jesus Cristo.

Nos Dez Mandamentos, encontramos a expressão máxima da lei moral de Deus e a revelação objetiva de como Deus quer que os homens vivam. Esta lei moral de Deus está presente em toda manifestação revelatória de Deus: nas leis civis, nas leis sanitárias, nas leis cerimoniais, nos preceitos, nos estatutos e até mesmo nas revelações proféticas extraordinárias, todavia, no Decálogo, temos a expressão suma da vontade de Deus para o homem.

No decálogo, portanto, encontramos o que Hans Heifler chamou de “moldura da ética cristã”. Pode se dizer que é uma “bússola” para o cristão, pois embora não haja instrução específica sobre como agir em cada diferente dilema e situação da vida – pois não se ocupa da casuística –nessas dez palavras é possível encontrar todo o princípio que haverá de nortear a vida do cristão. Martinho Lutero refere-se aos dez mandamentos como o modelo, a fonte e o canal pelo qual o cristão viverá.

Esses 10 Mandamentos, em sua forma tradicional abrangem um código duplo de deveres religiosos (Êx 20.3-12) e sociais (Êx 20.13-17) embora submeta as duas áreas (adoração, a proibição dos ídolos, o juramento, o dia sagrado e a piedade filial, de um lado; e a santidade de vida, casamento, das posses, da verdade e do desejo, do outro lado) à autoridade divina direta. Os mandamentos também são dados de forma negativa, mas, em cada um deles há um núcleo de valores positivos sendo defendidos. Quando estudamos os mandamentos, fazemos bem em compreender ambos os polos – aquele mais evidente, que proíbe-nos de certa conduta (isso é bem didático e fala bem sobre nossa condição humana caída) e aquele positivo, que está implícito na forma afirmativa do mandamento. Esse é o bem que Deus protege, que Deus tutela.

Na ética no novo testamento – tanto no ensino de Jesus nas bem aventuranças como nos casos mais específicos trabalhados pelos apóstolos Paulo, Pedro, João, Tiago em suas epístolas (ao tratar de questões tais como pureza, fraternidade, bondade, etc; questões de trabalho, família, governo, etc) o que vemos são a aplicação ou mesmo a interpretação – ou ainda, ampliação dos princípios morais havidos nos dez mandamentos. O ensino ético do Novo Testamento, portanto, não cria uma dicotomia entre lei e graça. Do contrário, o apóstolo Paulo ensina que a lei era expressão da graça, pois revela a condição perdida do homem e estabelece o modelo pelo qual aquele que foi justificado pela graça viverá. Para Paulo, a lei era santa, justa, espiritual e boa (Rm 7.12, 14, 16). É o próprio Espírito de Deus que habilita o cristão amar, seguir e obedecer a Deus em seus mandamentos.

Esta foi a razão porque, na Reforma do século XVI encabeçada por Martinho Lutero, o Decálogo foi tão realçado e usado, inclusive, como fundamento dos catecismos que ensinavam os caminhos básicos da vida cristão piedosa, com o Catecismo Maior de Lutero. Os reformadores, acompanhando Lutero, foram muito perspicazes em perceber isso. O reformador francês João Calvino inseriu uma seção inteira de comentário ao Decálogo em suas Institutas e disse que o decálogo é a “única regra de vida perpétua e inflexível”. Ele reconhecia o valor do decálogo porque via nele o direito de Deus legislar, os valores de Deus revelados na legislação dada, seu padrão elevado e perfeito de justiça e nossa incapacidade de satisfazer as exigências de sua justiça, tendo necessidade de um justificador mais justo do que nós. Uma vez tendo recebido esta justiça, o Espírito de Deus então inscreve essa lei em no coração da pessoa redimida e esta passa a desejar obedecer a Lei para honrar, adorar e louvar o Deus criador e legislador que, por graça, salvou homens e mulheres para que possam viver uma vida justa e santa, “coram Deo” – diante de Deus.

Enfim, a Lei de Deus define, guia e ilumina a vida humana e fornece ao cristão segurança para afirmar os valores de Deus como sendo a bússola moral para dar sentido e direção ao ser humano em todas as áreas da vida.

Só a lei imutável, objetiva, santa e bela de Deus é que pode dar sentido e direção a este mundo caído. O fundamento das posições cristãs é a verdade objetiva das Escrituras e o exemplo de vida conduzida pela fé, arrependimento e humildade. É assim que o cristão será sal e luz neste mundo.



18 outubro 2020

O Poder do Evangelho

Por Phillip Melanchthon (1497-1560) 

Há pessoas as quais a consciência tem terrificado através do convencimento do pecado, que seriam seguramente dirigidas ao desespero, a condição habitual dos condenados, se elas não fossem sustentadas e encorajadas pela promessa da graça e misericórdia de Deus, comumente chamado de evangelho. Se a consciência afligida acredita na promessa da graça em Cristo, ela é ressuscitada e estimulada pela fé, como os exemplos seguintes revelarão maravilhosamente.

Em Gênesis, capítulo 3, o pecado, arrependimento e justificação de Adão são descritos. Depois de Adão e Eva haverem pecado, e estando procurando cobertas para a nudez deles - pois nós, os hipócritas, temos o hábito de aliviar nossas consciências fazendo compensações - eles foram chamados para prestarem contas ao Senhor; mas a Sua voz era insuportável.

Debaixo destas condições, nem cobertas nem pretextos desculparam o pecado deles. Condenados e culpados, a consciência cai prostrada quando é confrontada diretamente com o pecado pela voz de Deus. Eles fogem, e Adão explica a causa da fuga deles quando ele diz: " Eu ouvi a Tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo e me escondi." (Gn. 3:10). Note a confissão e o reconhecimento pela consciência. Enquanto isso, Adão cai em profundo pesar até que ele ouve a promessa de misericórdia, de que, através do descendente de sua mulher, a cabeça da serpente seria esmagada (Gn. 3:15). Até mesmo o fato de que o Senhor os vestiu, fortaleceu suas consciências, e é inegavelmente um sinal da encarnação de Cristo, porque a Sua carne, em última análise ,é que cobre nossa nudez e destrói a confusão de consciências trêmulas sobre as quais os insultos dos acusadores tem caído (Sl.69).

Nós recordamos como Davi foi quebrantado pela voz do profeta Natã. E ele certamente teria perecido se não tivesse ouvido o evangelho imediatamente: " Também o Senhor te perdoou o pecado; não morrerás " (II Sm. 12:13). O Espírito de Deus tem nos mostrado ricamente o modo como opera através da Sua ira e da Sua misericórdia. Que expressão mais evangélica pode ser concebida do que esta: " O Senhor te perdoou o pecado "? Não é este a suma do evangelho ou da pregação no Novo Testamento: o pecado foi perdoado? Você pode acrescentar a estes exemplos muitas histórias dos evangelhos. Lucas 7:37-50 conta sobre a mulher pecadora que lava os pés do Senhor; Ele a consola com estas palavras: " Teus pecados estão perdoados " (v. 48). E o que é mais conhecido do que a história narrada em Lucas, capítulo 15, do filho pródigo que confessa o seu pecado? Como amorosamente seu pai o recebe, abraça, e o beija! Em Lucas 5:8 Pedro, admirado pelo milagre e, o que é mais importante, tocado em seu coração, exclama: "Aparta-Te de mim, porque sou um homem pecador, ó Senhor". Cristo o consola e o restaura dizendo: "Não tenhas medo, ... " (v. 10). Destes exemplos acredito que possa ser entendido a diferença existente entre a lei e o evangelho, e entre o poder do evangelho e o da lei. A lei terrifica; o evangelho consola. A lei é a voz de ira e morte; o evangelho é a voz de paz e vida, e para resumir, "a voz do noivo e a voz da noiva," como o profeta diz (Jr. 7:34). E aquele que é encorajado pela voz do evangelho e confia em Deus já está justificado. Cristãos sabem bem quanta alegria e satisfação a consolação traz. E aqui situam-se, apropriadamente, aquelas palavras de alegria que os profetas usam para descrever Cristo e a Igreja. Is. 32:18: "O meu povo habitará em moradas de paz, em moradas bem seguras, e em lugares quietos e tranquilos". Is. 51:3: "regozijo e alegria se acharão nela, ações de graça e sons de música". Jr. 33:6: "e lhes revelarei abundância de paz e segurança. Sl. 21:6: " Pois o puseste por bênção para sempre, e o encheste de gozo com a tua presença". Sl. 97:11: Ä luz difunde-se para o justo, e a alegria para os retos de coração".

Mas por que amontoar argumentos quando é óbvio, através da promulgação da lei e do advento de Cristo, o que significa o poder da lei e o do evangelho? Assim Êxodo, capítulo 19, descreve com que horrível espetáculo a lei foi dada. Assim, da mesma maneira que o Senhor terrificou a Israel naquele momento, as consciências individuais são atormentadas pela voz da lei, e eles exclamam junto com o Israel: "Não fale Deus conosco, para que não morramos" (Ex. 20:19). A lei exige o impossível, e a consciência, condenada pelo pecado, é assaltada em todas as direções. Nesta condição, medo e confusão perturbam a consciência de tal forma, que nada, nem ninguém pode trazer-lhe alívio, a não ser que Aquele que a acusou, retire a acusação. Alguns buscam consolação através de seus esforços, trabalhos, e atos de apaziguamento.

Mas estes não realizam mais do que Adão realizou com suas folhas de figo. Assim são aqueles que se ornam contra o pecado confiados no poder do seu próprio querer (arbítrio). Os fatos atuais ensinam que eles logo caem ainda mais miseravelmente. "O cavalo não garante a vitória; a despeito de sua grande força, a ninguém pode livrar " (Sl. 33:17).

"Presta-nos auxílio na angústia, pois vão é o socorro homem" (Sl. 108:12)!

Por outro lado, o advento de Cristo é descrito pelo profeta Zacarias como lemos em 9:9: "Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, ... ". Primeiro, quando o profeta dá a ordem para regozijar, ele ensina que a palavra deste Rei é diferente da lei; além disso, ele expressa a alegria na consciência de um jubiloso a ouvir a palavra de graça. Em seguida, não há tumulto, mas tudo está tranquilo, que o leva a entender que Ele é o autor da paz, não da ira. Esta é aquela característica que extraímos do termo "humilde", que o Evangelista usa, para explicar Sua mansidão. Isaías tem a mesma ideia em 42:3: "não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega".

De modo similar, o apóstolo contrasta a face de Moisés com a de Cristo em II Co. 3:13. Moisés amedrontou as pessoas ao olharem para o seu semblante. Pois quem poderia aguentar a majestade do julgamento divino quando até mesmo o profeta implora isto: "Não entres em juízo com o teu servo" (Sl. 143:2)? Quando os discípulos vêem a glória de Cristo no Monte da Transfiguração, uma alegria nova e maravilhosa inunda seus corações a tal ponto, que Pedro, esquecendo-se de si mesmo, exclama: "Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas" (Mt. 17:4). Aqui está uma visão da graça e misericórdia de Deus. Da mesma maneira que um olhar à serpente de bronze salvou os homens no deserto, assim também, eles são salvos se fixarem os olhos da fé na cruz de Cristo (Jo. 3:14.). Aí está o porque de os apóstolos, de modo adequado, chamarem sua mensagem, cheia de alegria, de evangelho ou boas novas. Os gregos também comumente designavam de evangelho, seus anúncios e elogios públicos de atos valorosos.

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Nota sobre o Autor: Philip Melanchthon foi um dos mais importantes nomes entre a primeira geração de reformadores alemães. Este artigo, "O Poder do Evangelho" é uma seção do Loci Communes Theologici, um dos primeiros exemplos da dogmática protestante (sistematização do pensamento da Reforma).

Melanchthon representou um papel importante durante a Reforma, não só como amigo e confidente de Martinho Lutero, mas também como o representante do lado protestante durante Congressos e Conversas Religiosas. Além disso, proveu o impulso decisivo para Lutero traduzir a Bíblia.