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20 abril 2025

Confessando a Deus e aos Irmãos: O Dever do Arrependimento Específico na Vida Cristã

Estudo proferido na EBD da Igreja Presbiteriana do Ibura, em Recife/PE. 

ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER 
Capítulo XV. Do Arrependimento Para a Vida 

Seção V. Os homens não devem se contentar com um arrependimento geral, mas é dever de todos procurar arrepender-se particularmente de cada um de seus pecados.

Seção VI. Como cada homem é obrigado a fazer a Deus confissão particular de seus pecados, pedindo-lhe o perdão deles (e abandonando-os achará misericórdia); assim também aquele que escandaliza a seu irmão ou a Igreja de Cristo deve estar pronto, por meio de uma confissão particular ou pública de seu pecado e do pesar que por ele sente, a declarar o seu arrependimento aos que estão ofendidos; isso feito, estes devem reconciliar-se com o penitente e recebê-lo em amor.




A reflexão sobre a natureza do arrependimento e da confissão revela uma dinâmica essencial da vida cristã, que vai além de uma mera constatação genérica de falibilidade humana. As Escrituras e a tradição teológica reformada consistentemente apontam para a necessidade de um engajamento pessoal e específico com os próprios pecados. A Confissão de Fé de Westminster articula essa necessidade, afirmando que os homens não devem se contentar com um arrependimento geral, mas têm o dever de procurar arrepender-se particularmente de cada um de seus pecados. Este mandamento implica um exame de consciência diligente, conforme sugerido em Salmos 19:13, que exorta a buscar libertação de transgressões desconhecidas.

A obrigação de confessar pecados não se limita a um foro íntimo com Deus. Como cada pessoa é obrigada a fazer a Deus uma confissão particular de seus pecados, pedindo-lhe perdão e, crucialmente, abandonando-os para alcançar misericórdia, a dinâmica da confissão se estende ao âmbito das relações interpessoais dentro da comunidade da fé. Aquele que causa escândalo a um irmão ou à Igreja de Cristo tem um dever correlato: estar pronto a declarar seu arrependimento àqueles que foram ofendidos, através de uma confissão particular ou pública de seu pecado e do pesar que por ele sente. Este reconhecimento da transgressão e a demonstração de contrição são passos necessários para que os ofendidos possam se reconciliar com o arrependido e recebê-lo em amor.

Essa perspectiva sobre o arrependimento e a confissão destaca a seriedade do pecado não apenas como uma ofensa vertical contra Deus, mas também como uma ruptura horizontal na comunhão do corpo de Cristo. A busca por reconciliação, portanto, envolve tanto o reconhecimento da culpa diante de Deus quanto a reparação das relações danificadas com o próximo. A prontidão em confessar e o subsequente ato de perdoar e receber o ofensor arrependido refletem o evangelho da reconciliação em ação dentro da igreja. De modo geral, o tema da necessidade de arrependimento particular e confissão, tanto a Deus quanto aos ofendidos, lança luz sobre a profundidade da transformação pessoal e a importância da restauração da comunhão na vida cristã.

1. A Insuficiência do Arrependimento Geral e a Necessidade do Arrependimento Particular

A seção V inicia afirmando categoricamente que "Os homens não devem se contentar com um arrependimento geral, mas é dever de todos procurar arrepender-se particularmente de cada um de seus pecados". Esta declaração destaca a importância de um exame de consciência individual e minucioso, onde cada transgressão é trazida à luz e reconhecida diante de Deus.

Podemos usar como referência bíblica para esta afirmação o Salmos 19:13: "Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então serei irrepreensível, e ficarei livre de grande transgressão". Este versículo demonstra a consciência do salmista sobre pecados específicos, em particular a soberba, e seu desejo de ser guardado deles para ser irrepreensível.

Outro exemplo que podemos citar é o de Lucas 19:8: "Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres metade de meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais". A atitude de Zaqueu ilustra um arrependimento concreto e direcionado a pecados específicos de extorsão e roubo, com a disposição de fazer restituição.

O terceiro texto que podemos nos apoiar é 1 Timóteo 1:13-15: "… a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal". Paulo reconhece seus pecados passados de blasfêmia, perseguição e insolência de forma particular, destacando como a graça de Deus o alcançou apesar de suas transgressões específicas.

Esses exemplos bíblicos fundamentam a doutrina de que o arrependimento genuíno não se limita a um vago reconhecimento da pecaminosidade humana, mas envolve a identificação e o reconhecimento individual de cada pecado cometido.

2. A Obrigação da Confissão Particular a Deus

A seção seguinte do capítulo 15 enfatiza: "Como cada homem é obrigado a fazer a Deus confissão particular de seus pecados, pedindo-lhe o perdão deles (e abandonando-os achará misericórdia)". Esta afirmação estabelece a confissão individual como um dever para todo crente que busca o perdão divino.

As referências bíblicas que sustentam esta verdade são o Salmos 51:4,7,9,14: "Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau aos teus olhos… Eis que eu nasci em iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe… Esconde a tua face dos meus pecados e apaga todas as minhas iniqüidades… Livra-me do crime de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, para que a minha língua cante louvores da tua justiça". Este salmo, uma oração de confissão de Davi após seu pecado com Bate-Seba, demonstra uma confissão direta e pessoal a Deus, reconhecendo a natureza específica de suas transgressões. E também Salmos 32:5-6: "Confessei-te o meu pecado e não encobri a minha iniqüidade; dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado. Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo oportuno". Este salmo ressalta a importância da confissão para obter o perdão e encoraja todos os piedosos a buscarem a Deus em confissão.

Além disso, temos o texto bíblico de Provérbios 28:13: "O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e as abandona alcançará misericórdia". Este versículo estabelece uma clara associação entre a confissão e o abandono do pecado com a obtenção de misericórdia divina.

A passagem de 1 João 1:9 também podemos citar aqui: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça". Este versículo reafirma a promessa de perdão para aqueles que confessam seus pecados a Deus.

François Turretin, na sua obra “Compêndio de Teologia Apologética”, no Volume III, detalha o arrependimento real e salvífica, consistindo em contrição, confissão diante de Deus (interna e externa, com auto acusação, condenação e reprovação do castigo, implorando graça) e propósito de correção. Ele enfatiza que a confissão primária é feita no tribunal da consciência, diante de Deus.

Louis Berkhof, em seu livro "A História das Doutrinas Cristãs", observa que os primeiros Pais da Igreja, em harmonia com o Novo Testamento, ressaltavam o "arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo" como meios para obter as bênçãos da salvação. A fé era vista como o instrumento para receber os méritos de Cristo e o arrependimento envolvia o abandono do pecado.

3. A Confissão a Irmãos e à Igreja em Caso de Escândalo

A seção VI deste capítulo da CFW prossegue: "Assim também aquele que escandaliza a seu irmão ou a Igreja de Cristo deve estar pronto, por meio de uma confissão particular ou pública de seu pecado e do pesar que por ele sente, a declarar o seu arrependimento aos que estão ofendidos". Esta seção trata da responsabilidade do crente em confessar seus pecados quando estes causam escândalo ou ofendem outros membros da comunidade da fé.

As referências bíblicas para esta obrigação são Tiago 5:16: "Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. A oração do justo, quando eficaz, pode muito". Este versículo encoraja a confissão mútua de pecados entre os crentes, com o propósito de cura e restauração. Lucas 17:3-4: "Tende cuidado de vós mesmos. Se teu irmão pecar, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe". Esta passagem enfatiza a necessidade de repreensão em caso de pecado e a prontidão para perdoar mediante o arrependimento manifestado. Josué 7:19: "Então, disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor, Deus de Israel, e confessa-lhe; e dize-me agora o que fizeste; não mo ocultes". O exemplo de Acã sendo chamado a confessar seu pecado demonstra a importância da confissão em um contexto comunitário, especialmente quando o pecado afeta a todos. O Salmo 51:1-19 também serve de modelo para a expressão de profundo pesar e arrependimento após o pecado, buscando a restauração tanto com Deus quanto com a comunidade.

O parágrafo especifica que a confissão pode ser particular ou pública, dependendo da natureza do pecado e do escândalo causado. Pecados que afetam diretamente um indivíduo podem ser tratados com uma confissão particular (Tiago 5:16), enquanto pecados que trazem opróbrio à igreja podem demandar uma confissão pública (1 Timóteo 5:20). O essencial é a manifestação sincera do arrependimento e do pesar pelo pecado cometido.

Mais uma vez, François Turretin, na sua obra "Compêndio de Teologia Apologética”, no Volume III, reconhece que aquele que ofende a igreja publicamente deve confessar seu pecado diante dela para ser reconciliado e admitido à comunhão, após dar prova de seu arrependimento. Contudo, ele nega que a absolvição judicial de um sacerdote/padre/pastor seja necessária para isso. Ele também afirma que, se alguém sente sua consciência perturbada por pecados graves, pode buscar a consolação de seus irmãos fieis, especialmente de um pastor, para obter aconselhamento e absolvição do pecado. No entanto, ele enfatiza que tal confissão deve ser livre e não requerida de todos como uma necessidade divina para a salvação.

Herman Bavinck, na obra "Dogmática Reformada”, no volume 3, menciona a distinção bíblica entre tristeza piedosa que leva ao arrependimento para a salvação e a tristeza do mundo que produz morte. O arrependimento genuíno envolve mais do que mero remorso pelas consequências do pecado, mas uma mudança de coração e uma aversão ao pecado em si.

4. Reconciliação e Recepção em Amor

A conclusão da seção VI declara: "Isso feito, estes devem reconciliar-se com o penitente e recebê-lo em amor". Esta afirmação estabelece a responsabilidade da parte ofendida, seja o indivíduo ou a igreja, em perdoar e restaurar o pecador arrependido à comunhão.

Podemos citar para este aspecto o texto de 2 Coríntios 2:8: "Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor". Este versículo, no contexto da restauração de um pecador que havia causado tristeza à igreja de Corinto, exorta os crentes a reafirmarem seu amor e a receberem o arrependido de volta à comunhão.

François Turretin, na mesma obra já citada, descreve o poder da disciplina eclesiástica como possuindo duas chaves: fechar e atar, abrir e desatar (Mateus 16:19). A segunda chave refere-se àqueles que se arrependem sinceramente, que, após a devida reparação, devem ser recebidos novamente à comunhão da igreja e dos sacramentos (2 Coríntios 2:6-8). Ele enfatiza que a excomunhão (o nível mais alto de disciplina) não é uma separação perpétua, mas temporária, visando o arrependimento e a restauração (Gálatas 6:1).

A disciplina da igreja, conforme descrito na Confissão de Fé Westminster, baseada nas Escrituras, tem como objetivo levar o pecador ao arrependimento e remover maus exemplos (1 Coríntios 5:6-7). Os oficiais da igreja devem proceder com repreensão, suspensão da Ceia do Senhor e, em casos extremos, exclusão do rol de membros (Mateus 18:15-17). No entanto, quando o ofensor dá testemunho de seu arrependimento, ele não deve mais ser pressionado, e a reconciliação deve ocorrer, trazendo-o de volta à membresia e comunhão da igreja (2 Coríntios 2:7-8).

5. Implicações Teológicas e Práticas

O ensino sobre o arrependimento e a confissão particular de pecados tem diversas implicações teológicas e práticas importantes.

Teologicamente, enfatiza a soberania de Deus no perdão, que é concedido mediante a confissão e o abandono do pecado, conforme suas promessas (1 João 1:9). Contrapõe-se a visões que atribuem poder inerente a sacerdotes para perdoar pecados de forma judicial, como mencionado por François Turretin ao refutar a doutrina romanista da penitência e por Herman Bavinck ao discutir a confissão auricular. A justificação é vista como um ato de Deus baseado nos méritos de Cristo, recebido pela fé (Romanos 5:1), e o arrependimento e a confissão são evidências da graça transformadora na vida do crente.

Praticamente, este ensino exorta os crentes a uma vida de constante autoexame, reconhecendo suas falhas e buscando o perdão de Deus de forma contínua (1 Coríntios 11:28). Encoraja a honestidade e a transparência nas relações dentro da comunidade da fé, promovendo a cura e a restauração em casos de ofensa e escândalo (Tiago 5:16). A prontidão para confessar e a disposição para perdoar são vistas como marcas de uma comunidade cristã saudável e alinhada com o Evangelho (Mateus 18:21-22).

James Petigru Boyce, na sua obra "Teologia Sistemática", destaca que a obra do Espírito Santo é a aplicação da redenção comprada por Cristo, levando os eleitos ao arrependimento e à fé. Isso reforça a ideia de que o arrependimento genuíno é uma obra da graça divina na vida do crente e a igreja deve reconhecer isso quando um membro admite que pecou e deseja ser readmitido.

Conclusão

Estas duas seções que acabamos de estudar, sobre o arrependimento e a confissão particular de pecados, fundamentado nas Escrituras e explicitado por outros documentos teológicos, enfatiza a necessidade de um exame de consciência individual e específico, reconhecendo cada pecado diante de Deus em busca de perdão e misericórdia. Além disso, ressalta a importância da confissão diante de irmãos e da igreja quando o pecado causa ofensa ou escândalo, visando a reconciliação e a restauração da comunhão em amor. Este ensino promove uma vida cristã de humildade, responsabilidade e busca constante pela graça divina, bem como relacionamentos saudáveis e restauradores dentro da comunidade da fé.

16 abril 2025

Nem satisfação, nem causa, porém necessário: O Papel do Arrependimento para o Perdão

Estudo proferido na EBD da Igreja Presbiteriana do Ibura, em Recife/PE. 

ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER 
Capítulo XV. Do Arrependimento Para a Vida 

Seção III. Ainda que não devamos confiar no arrependimento como sendo de algum modo uma satisfação pelo pecado ou em qualquer sentido a causa do perdão dele, o que é ato da livre graça de Deus em Cristo, contudo ele é de tal modo necessário aos pecadores que, sem ele, ninguém poderá esperar o perdão.

Seção IV. Como não há pecado tão pequeno que não mereça a condenação, assim também não há pecado tão grande que possa trazer a condenação sobre os que se arrependem verdadeiramente.


A necessidade de reconhecer a própria pecaminosidade e voltar-se para Deus é o pressuposto para a experiência do perdão e da reconciliação com Deus. Vamos entender o conceito de arrependimento e sua relação com o perdão, a natureza do arrependimento como não sendo uma satisfação pelo pecado ou causa do perdão, a livre graça de Deus em Cristo como a fonte do perdão, a indispensabilidade do arrependimento para se esperar o perdão, a universalidade da condenação merecida pelo pecado, e a suficiência do arrependimento verdadeiro para a obtenção do perdão, mesmo para pecados graves.

1) O Arrependimento não como Satisfação pelo Pecado ou Causa do Perdão

A Confissão de Fé de Westminster afirma categoricamente que "não devemos confiar no arrependimento como sendo de algum modo uma satisfação pelo pecado ou em qualquer sentido a causa do perdão dele". Esta declaração estabelece um princípio importante na teologia reformada, distinguindo o arrependimento de noções de auto-justificação ou de mérito humano diante de Deus.

Temos referências bíblicas que sustentam esta perspectiva. Ezequiel 36.31-32 descreve um tempo futuro em que o povo de Deus se lembrará de seus maus caminhos e terá nojo de si mesmo por causa de suas iniquidades e abominações, enfatizando que isso não será feito por amor a eles, mas pela graça divina. Similarmente, Ezequiel 16.61-63 destaca que o reconhecimento da própria maldade e a vergonha precederão o estabelecimento da aliança divina e o perdão, sendo este último um ato da livre graça de Deus.

Louis Berkhof concorda com esta distinção ao criticar a teoria anselmiana da expiação por apresentar erroneamente a punição e a satisfação como alternativas e por reputar os sofrimentos de Cristo como um "tributo voluntário à honra de Deus, um mérito supérfluo que teria servido para compensar pelos deméritos alheios", assemelhando-se à "idéia católico-romana da penitência, aplicada à obra de Cristo". Berkhof enfatiza o caráter objetivo da expiação, baseada na natureza imutável de Deus, e a doutrina penal substitutiva, onde Cristo suportou a penalidade devida ao pecado, e não meramente ofereceu um tributo voluntário. Portanto, a satisfação pela justiça divina é realizada pela obra de Cristo, e não pelo arrependimento do pecador.

2) O Perdão como Ato da Livre Graça de Deus em Cristo

A passagem inicial declara que o perdão "é ato da livre graça de Deus em Cristo", e temos os textos de Oséias 14.2-4, Romanos 3.24 e Efésios 1.7 como fundamentos bíblicos. A ideia central é que o perdão não é algo que o pecador possa merecer ou conquistar através do seu arrependimento, mas sim um dom gracioso de Deus, tornado possível através da obra redentora de Jesus Cristo.

François Turretini reforça essa noção ao afirmar que "a magnitude da corrupção e da impotência introduzidas pelo pecado" demonstram a necessidade de uma ação divina para a conversão e o perdão. A salvação é apresentada como sendo pela graça, em contraste com as obras. Turretini cita Bernardo de Claraval, que afirmava: "A justiça de outro é designada àquele a quem faltava justiça pessoal" e o "meu mérito, pois, é a compaixão do Senhor".

A teologia sistemática de Charles Hodge também enfatiza que a salvação é pela graça, e não pelas obras, entendendo que "ela em nada se fundamenta no próprio crente". O dom do Filho de Deus para a redenção é apresentado como a "mais portentosa exibição de um amor imerecido". A justificação, portanto, não se baseia em algo inerente ao pecador, mas na justiça de Cristo imputada através da fé.

3) A Necessidade do Arrependimento para Esperar o Perdão

Apesar de não ser a causa do perdão, o arrependimento é descrito como "de tal modo necessário aos pecadores que, sem ele, ninguém poderá esperar o perdão", com referências a Lucas 13.3-5 e Atos 17.30-31. Isso aponta para a natureza transformadora da graça divina, que opera no coração do pecador, levando-o ao reconhecimento do seu pecado e ao desejo de voltar-se para Deus.

Wayne Grudem explica que qualquer "proclamação genuína do evangelho deve incluir um convite para fazer uma decisão consciente de abandonar os pecados pessoais e voltar a Cristo na fé, para perdão dos pecados". Ele observa que, embora a fé seja frequentemente mencionada como necessária para a salvação, o arrependimento genuíno e a fé genuína estão tão intrinsecamente ligados que muitas vezes apenas o arrependimento é mencionado, com a fé subentendida.

Herman Bavinck argumenta que a igreja cristã sempre reconheceu que a salvação recebida era um "dom de Deus". A reflexão sobre esse fato levou à compreensão de que a fé e o arrependimento não são meros atos humanos autônomos, mas são originados na "graça eficaz de Deus", precedendo a fé e o arrependimento, inclusive nos adultos.

No entanto, François Turretini ressalta que a graça de Deus não está atada aos sacramentos, e que o batismo, por exemplo, não é absolutamente necessário à salvação, podendo ser substituído pelo desejo e pelo martírio. Isso sugere que, embora o arrependimento interior seja essencial, a ausência de ritos externos por impossibilidade não necessariamente impede o perdão.

4) A Universalidade da Condenação Merecida pelo Pecado

A Confissão afirma que "não há pecado tão pequeno que não mereça a condenação” e podemos comprovar em passagens como Romanos 6.23; Romanos 5.12 e Mateus 12.36. Esta declaração sublinha a seriedade de toda transgressão aos olhos de um Deus santo e justo.

Charles Hodge enfatiza a "espiritualidade da lei divina e a imutabilidade de seus requerimentos", que condenam "qualquer falta de conformidade com a norma de perfeição absoluta exibida na Bíblia". Ele cita diversas passagens bíblicas que atestam que "todos os homens são pecadores". A doutrina do pecado original, como apresentado na Teologia Sistemática de Alan Myatt e Franklin Ferreira, baseia-se em Gênesis 3 e na evidência de que "somos pecadores a partir do nascimento" (Sl 51.5) e que "todos somos pecadores" (Rm 3.10-12). A conexão entre o pecado de Adão e a situação da raça humana em Romanos 5.12-19 reforça a ideia de que o pecado, em sua raiz, traz consigo a condenação.

5) A Suficiência do Arrependimento Verdadeiro para o Perdão de Pecados Graves

Em contraste com a universalidade da condenação merecida, a Confissão declara que "assim também não há pecado tão grande que possa trazer a condenação sobre os que se arrependem verdadeiramente” (Is 55.7; Rm 8.1; Is 1.16-18). Esta promessa oferece esperança e segurança para aqueles que, conscientemente, se voltam de seus pecados para Deus.

A misericórdia divina é um tema central aqui. François Turretini explica que expiar, da parte de Deus, é "aceitar uma expiação feita por um sacerdote por meio do perdão e da remissão do pecado". A reconciliação com Deus, conquistada por Cristo através de sua morte, pressupõe a superação da divergência causada pelo pecado.

Wayne Grudem enfatiza que o convite do evangelho é para abandonar os pecados e voltar-se para Cristo "para perdão dos pecados", sem restringir o alcance desse perdão. A suficiência da expiação de Cristo é tal que pode cobrir até mesmo os pecados mais graves, contanto que haja um arrependimento genuíno.

No entanto, é importante notar que alguns textos bíblicos podem parecer desafiar essa ideia, como as passagens que falam da impossibilidade de restauração para o arrependimento em certos casos (Hb 6.4-8; Hb 10.26-31). Herman Bavinck argumenta que essas passagens se referem a um "pecado muito particular", a "blasfêmia contra o Espírito Santo", e não invalidam a possibilidade de perdão para outros pecados mediante o arrependimento.

6) O Papel da Graça Divina no Arrependimento

É crucial reconhecer que o próprio ato de arrependimento, embora uma resposta humana, é também fruto da graça divina. Como mencionado anteriormente, Bavinck argumenta que o arrependimento se origina na "graça eficaz de Deus". François Turretini afirma que o mesmo Deus que ordena o afastamento da iniquidade opera esse afastamento em nós por seu Espírito.

A capacidade de se arrepender não é inerente ao ser humano caído, mas é um dom de Deus. A “bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento” (Rm 2.4). Assim, o arrependimento verdadeiro é tanto um ato de volição humana quanto uma obra da graça divina no coração do pecador.

Conclusão

O estudo destes parágrafos da CFW revela uma compreensão rica e equilibrada do arrependimento e do perdão na teologia reformada. O arrependimento, embora essencial e necessário para se esperar o perdão, não é em si mesmo uma satisfação pelo pecado ou a causa do perdão. Vimos que o perdão é um ato soberano da livre graça de Deus, tornado possível tão somente através da obra redentora de Jesus Cristo. A seriedade do pecado é inegável, com toda transgressão merecendo a condenação divina. Contudo, a misericórdia de Deus é tal que nenhum pecado é grande demais para ser perdoado quando acompanhado de um arrependimento verdadeiro, que é, em última instância, capacitado pela própria graça divina. Esta compreensão teológica oferece uma base sólida para a prática da confissão de pecados e para a confiança na promessa do perdão para todos aqueles que se voltam sinceramente para Deus em Cristo.



31 março 2025

O Arrependimento para a Vida

Estudo proferido na EBD da Igreja Presbiteriana do Ibura, em Recife/PE. 

ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER 
Capítulo XV. Do Arrependimento Para a Vida 


Seção I. O arrependimento para a vida é uma graça evangélica, doutrina esta que deve ser pregada por todo ministro do Evangelho, tanto quanto a da fé em Cristo. 

II. Movido pelo reconhecimento e sentimento não só do perigo, mas também da impureza e odiosidade de seus pecados como contrários à santa natureza e justa lei de Deus e apreendendo a misericórdia divina manifestada em Cristo aos que são penitentes, o pecador, pelo arrependimento, de tal maneira sente e aborrece os seus pecados que, deixando-os, volta-se para Deus, tencionando e procurando andar com ele em todos os caminhos de seus mandamentos.



A doutrina do arrependimento ocupa um lugar central na teologia cristã, sendo inseparável da fé e essencial para a salvação. As duas primeiras seções do capítulo 15 da Confissão de Fé de Westminster nos oferece uma rica compreensão sobre o "arrependimento para a vida", abordando sua natureza evangélica, a necessidade de sua pregação, a experiência subjetiva do pecador e suas implicações para a vida cristã.

1. A Natureza Evangélica e a Necessidade da Pregação do Arrependimento

O Arrependimento como Graça Evangélica. O texto inicia declarando que "O arrependimento para a vida é uma graça evangélica". Esta afirmação destaca a origem divina do arrependimento. Ele não é meramente um ato da vontade humana, mas sim um dom de Deus, concedido por sua graça. O profeta Zacarias, em Zc 12.10, profetiza o derramamento de um espírito de graça e súplicas que levará o povo a lamentar aquele a quem traspassaram. De modo semelhante, em Atos 11.18, após Pedro relatar a conversão dos gentios, a igreja reconhece que "Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida". Portanto, o arrependimento que conduz à salvação é uma obra da graça divina no coração do pecador.

O Mandato da Pregação do Arrependimento. A CFW prossegue afirmando que esta é uma "doutrina esta que deve ser pregada por todo ministro do Evangelho, tanto quanto a da fé em Cristo". Esta ênfase na pregação do arrependimento demonstra sua inseparabilidade da mensagem do Evangelho. Jesus Cristo, em suas instruções finais aos discípulos, ordenou que "em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém" (Lc 24.47). Da mesma forma, o precursor de Cristo, João Batista, e o próprio Jesus iniciaram seus ministérios conclamando ao "arrependimento e [à] crença no evangelho" (Mc 1.15). O apóstolo Paulo, resumindo sua missão, declara ter testemunhado "tanto a judeus como aos gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo]" (At 20.21). A Escritura consistentemente associa o arrependimento e a fé como respostas necessárias à proclamação do Evangelho, sendo ambos indispensáveis para a salvação.

2. A Gênese do Arrependimento no Pecador

Reconhecimento do Perigo, Impureza e Odiosidade do Pecado. A Confissão descreve o pecador movido por "reconhecimento e sentimento não só do perigo, mas também da impureza e odiosidade de seus pecados como contrários à santa natureza e justa lei de Deus". Em Romanos 7.12 ficamos sabendo que “...a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom". O verdadeiro arrependimento inicia-se com a convicção do pecado e suas consequências diante de um Deus que é Santo, conforme Salmos 51.3-4: "Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mau diante dos teus olhos". O pecador passa a compreender a transgressão não apenas como uma falha pessoal, mas como uma afronta direta à natureza divina e à sua lei santa e justa, como vemos em Isaías 59.2: "Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça". Esta percepção da gravidade do pecado é essencial para um genuíno arrependimento (Atos 3.19). A pregação da lei de Deus tem um papel importante em trazer esta convicção. Observe o raciocínio de Paulo em Romanos 3.20: "Porquanto, pelas obras da lei, nenhum ser humano será justificado diante dele; porque pela lei vem o conhecimento do pecado".

Apreensão da Misericórdia Divina em Cristo. O texto continua mencionando que o pecador é movido por "apreendendo a misericórdia divina manifestada em Cristo aos que são penitentes". Em Efésios 2.4-5 lemos: "Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo — pela graça sois salvos". A compreensão da misericórdia de Deus, revelada plenamente em Jesus Cristo, é um elemento crucial que impulsiona o pecador ao arrependimento, como podemos notar em Romanos 2.4: "Ou desprezas tu as riquezas da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus te leva ao arrependimento?". A salvação não é alcançada por mérito próprio, mas pela graça divina oferecida àqueles que se voltam para Deus em contrição, como diz Efésios 2.8-9: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie". A obra redentora de Cristo é o fundamento da esperança de perdão e reconciliação para o pecador arrependido e vemos isso em Colossenses 1.13-14: "Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, em quem temos a redenção, a remissão dos pecados".

3. A Experiência e a Ação do Verdadeiro Arrependimento

Sentimento e Aborrecimento do Pecado. Agora podemos detalhar a experiência do pecador arrependido: "o pecador, pelo arrependimento, de tal maneira sente e aborrece os seus pecados". Este sentimento de tristeza e horror pelo pecado é descrito em diversas passagens bíblicas. Em Salmos 51.4, Davi expressa sua contrição: "Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau aos teus olhos". O apóstolo Paulo distingue entre a "tristeza segundo Deus [que] produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte" (2Co 7.10). O verdadeiro arrependimento envolve uma profunda tristeza pelo pecado em si, e não apenas por suas consequências.

O Abandono do Pecado e o Retorno a Deus. A Confissão prossegue afirmando que o pecador arrependido "deixando-os, volta-se para Deus". O arrependimento genuíno não é apenas um sentimento, mas uma mudança de direção, um abandonar o pecado e voltar-se para Deus. O profeta Ezequiel exorta: "Convertei-vos e desviai-vos de todas as vossas transgressões, para que a iniquidade não vos seja tropeço. Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes e fazei-vos um coração novo e um espírito novo; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?" (Ez 18.30-31). Em Ezequiel 36.31, o Senhor declara: "Então, vos lembrareis dos vossos maus caminhos e dos vossos feitos que não foram bons; e tereis nojo de vós mesmos, por causa das vossas iniquidades e das vossas abominações". Isaías incentiva ao abandono dos ídolos: "E terás por contaminadas as coberturas de tuas esculturas de prata, e o revestimento das tuas esculturas fundidas de ouro; e as lançarás fora como um pano imundo, e dirás a cada uma delas: Fora daqui" (Is 30.22). O salmista clama: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável" (Sl 51.10). Jeremias descreve o arrependimento de Efraim: "Na verdade, depois que me converti, arrependi-me; depois que fui instruído, bati no peito; fiquei envergonhado, confuso, porque levei o opróbrio da minha mocidade. Far-me-ei eu, porventura, um filho precioso? Ou um filho das delícias? Pois, depois que falei contra ele, ainda me lembro dele solicitamente; por isso, o meu íntimo se comove por ele; certamente dele me compadecerei, diz o SENHOR" (Jr 31.19-20). Joel exorta: "Convertei-vos a mim de todo o vosso coração, e com jejum, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus; porque ele é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade e se arrepende do mal" (Jl 2.12-13). Amós exorta: "Aborrecei o mal e amai o bem, e estabelecei o juízo na porta; talvez o SENHOR Deus dos Exércitos tenha piedade do resto de José" (Am 5.15). O salmista declara: "Por isso, abomino todo caminho de falsidade" (Sl 119.128). E Paulo descreve os efeitos do arrependimento genuíno: "Porque eis aqui o mesmo cuidado que tivestes, segundo Deus, quanta solicitude vos produziu, quanta defesa, quanta indignação, quanto temor, quanto desejo ardente, quanto zelo e quanta vingança! Em tudo provastes que estáveis limpos neste negócio" (2Co 7.11). Estas passagens ensinam a profundidade da mudança que ocorre no verdadeiro arrependimento, envolvendo tanto o abandono do pecado quanto um retorno sincero a Deus.

Intenção e Esforço para Viver em Obediência. Finalmente, o texto afirma que o pecador arrependido, ao voltar-se para Deus, o faz "tencionando e procurando andar com ele em todos os caminhos de seus mandamentos". O arrependimento genuíno não se limita ao passado, mas projeta-se para o futuro, manifestando-se no desejo e no esforço para viver em obediência à vontade de Deus. O salmista expressa este desejo: "Então, não serei envergonhado, quando observar todos os teus mandamentos" (Sl 119.6) e declara: "Considerei os meus caminhos e voltei os meus pés para os teus testemunhos. Apresso-me e não me demoro em guardar os teus mandamentos... Jurei e firmei que guardarei os teus justos juízos" (Sl 119.59-60, 106). Zacarias e Isabel são apresentados como exemplos de pessoas que "andavam irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor" (Lc 1.6). O rei Josias é elogiado por ter se voltado ao Senhor "com todo o seu coração, e com toda a sua alma, e com toda a sua força, conforme toda a Lei de Moisés" (2Rs 23.25). O verdadeiro arrependimento se manifesta em uma vida transformada, caracterizada pela busca constante em agradar a Deus em todas as áreas. Este processo de santificação é uma consequência natural do arrependimento e da fé.

4. Implicações Teológicas e Práticas

A Centralidade do Arrependimento na Salvação. O texto analisado, em consonância com diversas passagens bíblicas, enfatiza a necessidade do arrependimento para a salvação. Embora a salvação seja um dom gratuito de Deus recebido pela fé, o arrependimento é a resposta do coração convicto do pecado que se volta para a misericórdia divina em Cristo. Sem este reconhecimento da própria pecaminosidade e a consequente mudança de mente e direção, a fé salvífica não se manifesta plenamente.

O Arrependimento como um Processo Contínuo. Embora o texto se concentre na conversão inicial, a ideia de "arrependimento para a vida" sugere que o arrependimento não é um evento único, mas uma disposição contínua do crente ao longo de sua vida cristã. Os crentes continuam a pecar e, portanto, necessitam de um arrependimento constante, reconhecendo suas falhas, buscando o perdão e renovando seu compromisso de obediência a Deus. A oração diária por perdão, como ensinado por Jesus em Mateus 6.12, reflete esta necessidade contínua de arrependimento.

Distinção entre Tristeza Mundana e Tristeza Segundo Deus. A referência a 2 Coríntios 7.10 sublinha a importância de distinguir entre um remorso superficial pelas consequências do pecado e a profunda tristeza segundo Deus que conduz ao verdadeiro arrependimento. A tristeza mundana pode levar ao desespero, enquanto a tristeza segundo Deus opera uma transformação genuína no coração e na vida do pecador, produzindo frutos de arrependimento.

Conclusão

O texto da Confissão de Fé de Westminster oferece uma descrição concisa e profunda do "arrependimento para a vida", ancorada em sólidas bases bíblicas. Ele destaca que o arrependimento é uma graça divina, essencial para a salvação e intrinsecamente ligado à fé em Cristo. Sua gênese reside no reconhecimento da gravidade do pecado e na apreensão da misericórdia de Deus em Jesus. O verdadeiro arrependimento se manifesta em um profundo sentimento de contrição, no abandono do pecado e em um sincero desejo e esforço para viver em obediência aos mandamentos de Deus. Esta doutrina fundamental não apenas molda a experiência da conversão inicial, mas também informa a jornada contínua do crente, caracterizada por um coração contrito e uma busca constante pela santidade. A pregação fiel desta doutrina, juntamente com a da fé, permanece um imperativo para todo ministro do Evangelho, visando a transformação genuína de vidas para a glória de Deus.