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05 julho 2024

Sou eleito então posso pecar à vontade?

"Faz, ó Senhor, resplandecer sobre nós a luz do teu rosto!" Este clamor do Salmo 4.6 reflete a aspiração por experimentar a presença de Deus em nossas vidas.

É através desta luz que os eleitos são capacitados para viverem vidas santificadas, não por esforços próprios em busca de salvação, mas como uma resposta ao amor e à graça de Deus.

A santificação, então, torna-se não apenas um processo mas uma jornada de crescimento espiritual onde a luz de Deus resplandece sobre nós, revelando Seu propósito redentor.

Portanto, permita-me dizer: se o pecado, que é um padrão de vida contrário aos propósitos de Deus, é algo que lhe traz satisfação, que o atrai como um ímã atrai um pedaço de metal, então é possível que você ainda esteja espiritualmente morto em seus delitos e pecados (Efésios 2.1-3), nunca tendo experimentado a regeneração.

Um salvo nunca se sentirá confortável com o seu pecado; não por causa do julgamento alheio, mas por causa do olhar sempre presente de Deus (1 Jo 3.9,10). Um salvo não se sente desconfortável com seu pecado simplesmente porque isso o condenará, mas porque o pecado ofende a santidade de Deus.

Algumas pessoas, seja por ignorância ou por desonestidade intelectual, afirmam equivocada ou maldosamente que a eleição é uma doutrina perigosa, pois, para elas, se a eleição é verdadeira, os eleitos podem viver de qualquer jeito, pecar à vontade, que, no final, serão salvos. Ledo engano.

Essas, geralmente, são pessoas influenciadas por uma "teologia penitencial" e meritória. Buscam ser "santas" por medo do inferno, e não por amor a Deus. Na verdade, elas amam mais a si mesmas e as suas obras do que a Deus, pois seguem "rituais" na tentativa de alcançar algum nível de perfeição" para se salvar da condenação que tanto temem.

Elas contestam a doutrina da eleição incondicional, pois foram ensinadas a viver por recompensas, a fazer para receber. Foram doutrinadas a viver uma vida de barganha com Deus; uma espécie de misticismo, como se isso fosse suficiente. Não entendem que a santidade é uma consequência da salvação, e não a causa dela.

Mas, afinal, pode um eleito viver como quiser? Na verdade, alguém que pensa que pode viver de forma libertina, deleitando-se em todo tipo de pecado e usa a doutrina da eleição como justificativa para isso, está mostrando com seus frutos que não é um eleito que ainda não foi Ou regenerado; se é que um dia será (Gl 5.13).

Os eleitos foram chamados à santidade. Não uma "santidade" que vem de sua "justiça própria" caída, comparada a trapos de imundícia (ls 64.6), mas, aquela que vem através da obra santificadora do Espírito Santo. Os eleitos foram criados em Cristo, não por causa das boas obras, mas PARA andarem nelas (Ef 2.10).

O propósito da eleição é tornar os eleitos santos e capacitá-los ao esforço moral. Como disse Spurgeon: 'A escolha de Deus torna os homens escolhidos em homens de escolha" .

Se você diz: "Sou santo para ser salvo", busca a glória para si. Mas ao dizer: "Sou santo porque sou salvo', a glória é toda de Deus.

Um eleito eventualmente pecará, pois é humano; mas nunca se deleitará na prática do pecado. Deus predestinou os eleitos para serem conforme a imagem de Seu Filho, portanto, santos. A santidade é um processo e não será completada aqui na terra, mas isso não significa que você possa ser "amiguinho do pecado." Como disse Thomas Watson: "A santificação é a marca distintiva das ovelhas de Cristo."

Portanto, um eleito não busca a santificação para ser salvo ou por medo do inferno, como muitos fazem, achando que suas obras serão suficientes. Pelo contrario, por ser salvo, ele busca a santificação, mesmo com suas limitações, para o louvor e a glória de Deus, e não para si mesmo. Compreender isso é entender que a eleição é incondicional.

Texto extraído da internet (Instagram)



28 abril 2024

[Devocional] Um Homem enviado de Deus

Por A.W. Tozer 

...entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista... (Mateus 11:11). 

Ο registro da Bíblia é muito claro quando nos garante que João Batista foi um homem enviado de Deus.

Nossa geração provavelmente decidiria que tal homem deveria ser completamente orgulhoso do fato de que Deus o havia enviado. Nós o incitaríamos a escrever um livro. Líderes de seminário fariam fila para agendar palestras. 

Na verdade, João Batista nunca teria se encaixado no cenário religioso de nossos dias jamais! Ele não tinha um terno para usar. Não tinha cuidado para escolher as palavras que não fossem ofender. Não citava belas passagens dos poetas. Os psiquiatras rapidamente o teriam aconselhado: "Você realmente precisa se ajustar aos tempos e à sociedade!".

Ajuste. Essa é uma palavra moderna que passei a odiar. Nunca foi uma expressão usada para falar sobre seres humanos até esquecermos que o homem tem uma alma. Agora temos homens estranhos com "chaves de fenda" mentais, apertando parafusos em uma pessoa e soltando-os em outra. João não precisava de ajuste algum. Ele recuou com alegria para que todos os olhos se voltassem para Jesus, o Cordeiro de Deus! 

Senhor, oro para que minha igreja e outras igrejas evangélicas exibam a coragem e a ousadia de João Batista e levem muitas pessoas a Jesus Cristo.


Fonte: Dia a Dia com Tozer - Devocional Diário 


24 janeiro 2023

[Devocional] Morte e Ressurreição

E, se Cristo não ressuscitou, é vã a fé que vocês têm, e vocês ainda permanecem nos seus pecados. (1 Coríntios 15.17)

Morte e ressurreição estão lado a lado, andam de mãos dadas, pois quando a morte é mencionada, tudo que é peculiar à ressurreição está incluso. Como também o inverso é verdadeiro: quando a ressurreição é mencionada, tudo que é peculiar à morte está incluso.

Mas Jesus por ter ressuscitado, obteve a vitória e tornou-se a ressurreição e a vida e por isso Paulo diz "...Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Romanos 8.34.).

Já que a mortificação de nossa carne depende da comunhão com a cruz, devemos também compreender que há um benefício correspondente derivado da ressurreição de Jesus. Por isso Paulo diz "...como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos..., assim também andemos em novidade de vida" (Romanos 6.4).

Da mesma forma, a partir do fato de estarmos mortos com Cristo, "fazei pois morrer a vossa natureza terrena" (Colossenses 3.5), de mesmo modo, a partir do fato de sermos ressuscitados com Cristo, "...buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus" (Colossenses 3.1).

Essa verdade nos assegura um benefício: nossa própria ressurreição, da qual temos por Cristo nossa mais perfeita e verdadeira representação. Essa é a nossa esperança: se Cristo ressuscitou, seremos ressuscitados também, pois como Paulo disse: "se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a essa vida, somos as pessoas mais infelizes deste mundo"(1Coríntios 15.19).

Portanto, esta é a certeza do crente em Jesus: todos nós iremos passar pela morte, mas seremos ressuscitados e viveremos por toda a eternidade junto com Jesus: "Temos certeza de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos, da mesma forma nos ressuscitará com Ele e nos apresentará convosco" (2 Coríntios 4:14).

17 janeiro 2023

[Devocional] O Jugo Suave

Nathaniel Vicent 

Porque o meu jogo é suave, e o meu fardo é leve. Mateus 11.30 

Pelo fato de Cristo ser tão compassivo, certamente não é razoável reclamar e recusar a submeter-se ao Seu jugo. Um jugo tão misericordioso como esse deve ser um jugo suave; e o Seu fardo é um fardo leve (Mt 11.30). O reino do Céu é como um casamento; se a submissão da esposa a um marido terno e indulgente é doce e agradável, muito mais agradável é a submissão do crente a Cristo. Os ímpios são estranhamente preconceituosos a respeito do cetro e do governo de Jesus; mas não há justificativa para isso. Eles dizem: “Não queremos que esse Senhor reine sobre nós”. É misericordioso ser transportado para o Reino, porque você será liberto de todos os outros senhores, que são ditatoriais, cruéis e recompensam com a morte todos os serviços que lhes são prestados. Todos os preceitos de Cristo são benéficos para você, e Ele não lhe impõe qualquer proibição exceto aquilo que Ele vê que pode lhe ser prejudicial. Penso que, ao ler essas palavras, o mais obstinado de todos deveria render-se e dizer: “Deixamos o Senhor da vida do lado de fora, mas foi um erro; não pensávamos que servir a Ele significava estar tão próximo da liberdade; imaginávamos que Suas ordens eram cruéis, portanto as abandonamos, mas agora devem ser mais valorizadas que o ouro, sim, o ouro mais fino, e são mais doces do que o mel e o favo”.


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Sobre o autor:
Nathaniel Vincent (1639–97). Nasceu em Cornwall e graduou-se pela Christ Church, Oxford, em 1656. Foi nomeado capelão do Corpus Christ College e, posteriormente, exerceu o cargo de pastor em Buckinghamshire. Após a Grande Expulsão de 1662, Vincent passou três anos como capelão particular antes de mudar-se para Londres em 1666. Foi multado, maltratado e literalmente arrastado do púlpito por pregar. Vincent passou vários meses na prisão e foi banido do país, porém um erro em sua acusação evitou que a sentença fosse executada. Enfraquecido pelo confinamento, Vincent faleceu em 1697. Publicou vários sermões ao longo da vida.

Fonte: Pão Diário


02 outubro 2022

[Devocional] Apegue-se a Cristo

Richard Alleine 

Preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente. Filipenses 2:16 

Permaneça perto de Cristo, do contrário é provável que você nunca tenha uma estreita ligação com Ele. Quanto mais nos aproximarmos de Cristo, quanto mais firmes permanecermos, menos perigos teremos de cair. A raiz de uma árvore, se for desprendida do solo, será arrancada com mais facilidade. Pode ser que algumas raízes secundárias a sustentem para que ela não morra. Mas, se a raiz principal for desprendida, o perigo de tombar será maior. A união da alma com Cristo é descrita como a união do marido com a esposa: “Eis que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher” (Ef 5:31). A palavra no original significa ficar colado à esposa. E se duas peças forem coladas uma na outra, se encolherem ou perderem a aderência, se separarão. Tome cuidado para não se encolher nem perder a aderência com Cristo; a cola enfraquecerá se você fizer isso; e assim que perder a aderência, você não saberá até que ponto será levado para longe dele. Ó, tome cuidado para não aumentar a distância, para não se afastar de Cristo; fique perto dele se quiser permanecer firme.

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Sobre o autror:
Richard Alleine (1611–91). Alleine, autor de A Vindication of Godliness [Defesa da piedade], uma defesa sustentada por piedade pessoal, foi reitor de Batcombe, em Somersetshire, onde serviu como ministro do evangelho por mais de 20 anos. Apesar de ter sido zeloso pela obra do Senhor, foi expulso de seu púlpito em 1662. É normalmente citado como irmão de Joseph Alleine, mas, na verdade, era seu tio. As obras de Alleine são investigativas, convincentes e edificantes. Ele é muito conhecido por seus escritos práticos, que normalmente são publicados com as iniciais “R.A.”.

Fonte: Pão Diário


18 setembro 2022

[Devocional] Outros deuses

John Dod/Robert Cleaver 

Não terás outros deuses diante de mim (Êx 20.3)
 
O significado do primeiro mandamento é que devemos santificar Deus em nosso coração e oferecer-lhe tudo o que é adequado e peculiar à Sua majestade. […] Não ter outros deuses significa não ter nada que nos cause atração irresistível ou que estimamos mais do que Deus. Portanto, a doutrina é que não devemos permitir que nada afaste nossa alma, ou qualquer coisa em nós, de Deus, pois isso passa a ser o nosso deus, aquilo que mais nos atrai. Se nossa mente estiver ocupada com qualquer outra coisa que não seja a glória e o serviço a Deus, isso passa a ser outro deus para nós. Quanto à questão de conveniência, se colocarmos a esperança, a confiança e o coração na riqueza, isso é idolatria. O homem rico descrito no evangelho fez da riqueza o seu deus visto que confiava nela e a adorava; pois aqui ele fala da adoração interior a Deus na alma. Se confiarmos na riqueza e pensarmos que estamos seguros por possuí-la, quando ela nos for retirada, será o nosso fim. […] A ganância é chamada de idolatria […] diante da qual nossa alma e afeições, nossa inteligência, memória, compreensão e todas as nossas faculdades se curvam quando deveríamos nos curvar somente diante de Deus.

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Sobre o autror:
John Dod (1549–1645) estudou na Jesus College, Cambridge. Durante esse período, foi um debatedor tão eficiente que o corpo docente da faculdade o convidou para associar-se a eles, mas Dod declinou a oferta. Continuou em Cambridge durante 16 anos como aluno e depois como professor. Em 1579, foi empossado pastor em Hanwell, Oxfordshire, e ocupou essa posição por 20 anos. Foi genro do famoso puritano casuísta Richard Greenham. A obra mais famosa de Dod é Exposition upon the Ten Commandments [Exposição sobre os Dez Mandamentos], escrito em parceria com Robert Cleaver.



10 setembro 2022

[Devocional] Examine as Escrituras

William Gouge 

E logo, durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Bereia; ali chegados, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim. At 17:10,11. 

Devemos examinar as Escrituras para conhecer a vontade de Deus, porque nelas está contida a Sua vontade. Essa é a busca para a qual se promete conhecimento e entendimento. E para nos ajudar nesse assunto, devemos ser leitores diligentes da Palavra de Deus. Com referência aos judeus convertidos, nota-se que eles continuaram firmes na doutrina dos apóstolos, e está escrito que eram ouvintes diligentes e constantes dos apóstolos, bem como fiéis confessores e praticantes dessa doutrina. A primeira afirmação é a causa da segunda. A pregação da Palavra é uma grande ajuda para levar-nos a fazer a vontade de Deus. E a esse respeito há uma dupla explicação. Primeira, porque a vontade de Deus é apresentada a nós de modo mais claro, mais distinto e mais completo. Segunda, porque é um meio santificado por Deus para creditar e assegurar a verdade daquilo que é revelado; sim, e para fazer a nossa vontade, o coração e as afeições se renderem a ela e se firmarem nela. Sobre esse assunto, diz a sabedoria de Deus, que está especialmente apresentada na pregação de Sua Palavra: “Feliz o homem que me dá ouvidos, velando dia a dia às minhas portas, esperando às ombreiras da minha entrada” (PV 8:34).

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Sobre o autror:
William Gouge (1578–1653). William Gouge era sobrinho de Samuel e Ezekiel Culverwell, ambos ilustres puritanos. Estudou primeiro na St. Paul’s School e completou o curso secundário na escola de Felstead, Essex, onde seu tio Ezekiel era pároco. Depois estudou em Eaton e dali ingressou-se no King’s College, Cambridge. Gouge fez grandes avanços em lógica e defendeu a nova filosofia de Peter Ramus (um sistema aristotelista diluído). Por recomendação de Arthur Hildersam, Gouge foi nomeado ministro do evangelho da St. Anne’s, Blackfriars. Em 1643, fez parte da Assembleia de Westminster, e dizem que “não havia ninguém mais assíduo que ele”. Gouge, conhecido como um amável erudito, ficou mais famoso por seu livro Commentary on the Epistle to the Hebrews [Comentários sobre a epístola aos Hebreus], concluído pouco antes de sua morte. Publicado posteriormente, o comentário sobre Hebreus encheu dois grandes fólios e consistia de quase mil sermões pregados em Blackfriars.


16 agosto 2022

[Devocional] Ver Deus

Jeremiah Burroughs 
Rogo-te que me mostres a tua glória (Êx 33:18). 
Quanto mais vemos Deus elevado, menores devemos ser aos nossos olhos. Não há nada que nos torne mais humildes que a reflexão acerca de Deus. Penso que todo coração orgulhoso neste mundo não conhece a Deus, nunca teve a visão da glória de Deus como deveria. Quando vemos Deus, nosso coração se torna maravilhosamente humilde diante dele. Jó é um famoso exemplo disso. Ele declara: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (42:5,6). Jó era um homem íntegro e reto, no entanto confessou que conhecia Deus só de ouvir falar, que nunca o havia visto até aquele momento que o próprio Deus lhe proporcionara. E ao ver Deus daquela maneira, embora fosse um homem íntegro e capaz de continuar a viver em retidão, ele diz: “Agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza”. Ó, quem dera Deus desse uma visão de si mesmo a todos nós, aos orgulhosos, aos resistentes, aos que se rebelam contra Ele. Vocês conheciam Deus só de ouvir, mas os seus olhos já o viram? Se Deus lhes desse uma visão do que lhes falei sucintamente, certamente se ajoelhariam diante dele e se abominariam no pó e na cinza.

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Sobre o autror:
Jeremiah Burroughs (1599–1647). Burroughs, outro puritano muito produtivo, foi um pregador benquisto e bem-sucedido em Londres. Representou a causa Independente na Assembleia de Westminster e passou seis anos pregando em uma pequena igreja rural. Foi ministro do evangelho na igreja inglesa em Rotterdam e, após retornar a Londres, tornou-se a “estrela da manhã” da igreja em Stepney. Burroughs foi um dos melhores oradores puritanos de sua época; dedicava um amor especial aos Pais da Igreja e à História Cristã. Cotton Mather observou que Moses His Choice [Moisés sua escolha], de Burroughs, “não fará você reclamar que perdeu tempo por tê-lo em sua companhia”.

Fonte: Pão Diário


06 agosto 2022

[Devocional] Contentamento Divino

Thomas Watson 
Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. (Hb 13:5) 
O contentamento é algo divino; passa a ser nosso, não por aquisição, mas por infusão. É um enxerto da árvore da vida implantado na alma pelo Espírito de Deus; é um fruto que não cresce no jardim da filosofia, mas tem origem celestial. É fácil observar que o contentamento está ligado à piedade, e os dois se completam: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento” (1Tm 6:6). Quando o contentamento é uma consequência da piedade, ou concomitante, ou ambas as coisas, digo que é divino, para distingui-lo daquele contentamento que um homem de bons princípios é capaz de sentir. Aparentemente os pagãos sentem esse contentamento, mas é apenas uma sombra e imagem dele — é berilo, não diamante verdadeiro: um é polido, o outro é sagrado; um baseia-se nos princípios da razão, o outro, da religião; um é apenas iluminado pela tocha da natureza; o outro é a lâmpada das Escrituras. A razão pode transmitir um pouco de contentamento da seguinte forma: seja qual for a minha condição, foi para isso que eu nasci. E se enfrento sofrimentos, esta é uma desventura universal: todos têm sua cota de sofrimento, então por que eu deveria me perturbar? A razão pode sugerir isso; e, na verdade, pode ser restritivo; mas, para viver com segurança e alegria em Deus tendo escassez de provisões humanas, somente a religião pode trazer isso ao tesouro da alma.

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Sobre o autror: Thomas Watson (m.1696). Pouco se conhece a respeito do início da vida de Watson. Recebeu grau de mestrado em Letras pelo Emmanuel College, em Cambridge, e a seguir iniciou um longo pastorado na St. Stephen’s Walbrook, em Londres. Foi preso com Christopher Love, William Jenkins e outros em 1651 por tomar parte em um plano para restabelecer a monarquia. Foi libertado após a promessa de que se comportaria apropriadamente. Em 1662, Watson foi expulso por inconformismo. Retirou-se para Essex em 1696, onde morreu.


01 agosto 2022

[Devocional] Pensamentos sobre o céu

Henry Scudder 
A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada. (Ap 21:23) 
No Céu há perfeita obediência. Não há erro, mesmo na menor das circunstâncias. “Agora, conheço em parte”, diz o apóstolo, “então (isto é, quando chegar ao Céu), conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13:12). Ao referir-se aos novos Céus, Pedro disse: “nos quais habita justiça” (2Pe 3:13). O Céu é o lugar santo no qual nenhum ímpio pode entrar, porque, quando havia pessoas desobedientes no Céu, ou seja, o diabo e seus anjos, que não mantiveram seu estado original, o Céu os vomitou, para nunca ser enganado por eles ou coisa parecida. No Céu não há tentadores; há apenas Deus, anjos e os espíritos dos justos que se tornaram perfeitos. Assim, não há nenhuma tentação para pecar. Esses pensamentos suavizam a dor quando nossos amigos morrem no Senhor, pois o lugar para onde a morte os levou é o Céu. Isso nos dá segurança de que eles estão onde se tornaram perfeitos, onde não ofenderão nem serão ofendidos. Será que essa meditação produz nos filhos de Deus não apenas contentamento, mas o desejo de abandonar este tabernáculo (o corpo) para ser transformado quando o Senhor assim o desejar, uma vez que a transformação será tão feliz? Trata-se apenas de abrir mão de uma terra infeliz e pecaminosa para viver no Céu, onde habita a justiça perfeita. Trata-se de abandonar a mortalidade em troca da vida, o pecado em troca da graça, e a infelicidade em troca da glória. Lá, não há atores nem contempladores do pecado. Lá, não há pecado para contaminá-los ou aborrecê-los. Quando estivermos exaustos e quase desfalecendo em nosso combate contra o pecado e contra este mundo perverso, devemos considerar que em breve, se permanecermos firmes e corajosos, esse pecado e essa carne não nos aborrecerão mais. Quando a morte chegar, ela será o portal para o Céu. Certamente a morte separa o pecado da alma e do corpo para sempre da mesma forma que a alma se separa do corpo por uns tempos, pois o nosso lugar é no Céu, onde os anjos habitam, os exemplos de nossa obediência. Quando chegarmos lá, seremos iguais aos anjos (Lc 20:36) e estaremos para sempre com o Senhor.

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Sobre o autror: Henry Scudder (m.1659). Pouco se conhece a respeito de Scudder. Estudou no Christ’s College, Cambridge, em 1660, e ministrou em Drayton, Oxfordshire, até 1633. Em 1643, foi escolhido como um dos membros presbiterianos da Assembleia de Westminster. Sua obra mais conhecida, The Christian’s Daily Walk in Security and Peace [A caminhada diária do cristão em segurança e paz], foi altamente recomendada por John Owen e Richard Baxter.


24 junho 2022

Invista mais tempo na palavra de Deus

Por John Piper 

Somos árvores que produzem frutos, e não trabalhadores que colhem frutos. Na linguagem de Paulo, o fruto é o fruto do Espírito, não as obras da lei. O que diz Salmos 100.3? Vamos ler. “Ele é como…” De quem ele está falando? Daquele que medita na lei do Senhor dia e noite e encontra prazer na verdade a respeito de Deus, do homem e da vida que vem por intermédio da instrução de Deus. “Ele é como árvore… plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido.” 

É completamente essencial que entendamos que a vida cristã deve produzir frutos. Não se trata de colher frutos. Não somos meros trabalhadores, somos árvores! Estamos plantados junto a correntes de água. Nossa vida vem de um Rio, de uma Fonte, e os frutos surgem e se desenvolvem enquanto vivemos por meio do Rio. É assim que se deve combater. O combate não deve ser legalista. Não faça uma lista. Por exemplo, não sou ímpio, não sou pecador, não sou zombador, sigo minha lista e, quando vier a tentação, basta segui-la. Não é assim que funciona. 

Salmos 100.3 afirma que, em vez disso, quando você vai até a palavra, e você contempla Deus diante de você em seus caminhos, obras e fidelidade, é como se você firmasse raízes até encontrar uma fonte de água da qual pode obter vida. Seus pensamentos e sentimentos mudam, e você passa a produzir frutos. Se os frutos não são produzidos, você não deve se arrancar dali para ir a uma loja de frutas. Você deve confiar na Fonte que está bem ali. Não é algo mecânico ou automático. O modo pelo qual a Fonte produz frutos não é automático. A conexão entre minhas raízes e a fonte da verdade de Deus que produz vida nos salmos é a meditação. 

Aprenda a fazer isso, aprenda a se demorar na leitura do Salmo 23, que quase todos conhecem; invista tempo nele, ore o salmo, mergulhe nele, faça o que for, não deixe para lá, como Jacó não deixou o anjo até que o abençoasse. Até que transforme e afete você pela manhã. Não leia com pressa, como em uma corrida. O que é isso? O diabo conhece toda a Bíblia e tentou usá-la contra Jesus. É investir tempo, amar a palavra, implorando ao Senhor que abra os olhos do coração, que o faça temer o nome do Senhor, que incline seu coração para os testemunhos do Senhor, que molde, transforme e satisfaça você. 

Não abra mão até ver a mudança. Abre os meus olhos, Deus! Essa é a conexão com a água. Esse é o combate. Eu preciso ter um outro conjunto de prazeres, ou serei como os ímpios, como a palha que o vento dispersa. A vida simplesmente vai me levar. A internet vai me cativar, a televisão terá minha atenção… Eu vou morder a isca e serei levado. A batalha acontece no nível das emoções. Minhas raízes devem alcançar a Fonte da água da vida.